Caingangues ocupam a Flona pela quarta vez

Grupo pretende transferir acampamento às margens da rodovia para dentro da reserva

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As 17 famílias pretendem retomar construção dos barracos na área da sede administrativa da FlonaAs 17 famílias pretendem retomar construção dos barracos na área da sede administrativa da Flona
As 17 famílias pretendem retomar construção dos barracos na área da sede administrativa da Flona
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Índios caingangues voltaram a ocupar a Floresta Nacional de Passo Fundo (Flona), no município de Mato Castelhano. O grupo formado por 17 famílias, oriundo de um dos acampamentos existente às margens da BR 285, daquele município, entrou na área da sede administrativa da instituição na manhã de ontem. A chefia do órgão já ingressou com pedido de reintegração de posse. A ação foi a quarta ocupação de índios na sede da Flona desde 2005. A última delas ocorreu em março do ano passado, quando 12 famílias permaneceram por três meses no local. A entrada de ontem ocorreu por volta das 6h45min, pelo portão principal.

Um dos líderes do grupo, Lídio Manuel Antônio, 42 anos, disse que a ocupação tem a intenção de pressionar o governo federal para publicação do decreto com base no laudo antropológico realizado pela Funai que inclui a área da Floresta como pertencentes aos antepassados indígenas e também por questões de segurança. “Ficar na beira da rodovia está cada vez mais perigoso em razão da disputa de terras. Aqui estamos mais seguros” afirma. Segundo o indígena, a estratégia foi dividir o grupo. Metade permanece às margens da BR, enquanto a outra parte constrói os barracos na Flona. “O Pessoal ficou lá para cuidar das nossas coisas. Aos poucos vamos transferir tudo para cá. Não sei porque está demorando tanto esta publicação” planeja o líder.

Chefe de unidade avançada do Instituto Chico Mendes (ICMBIO), Adão Luiz da Costa Gullich ingressou ainda ontem com pedido de reintegração de posse junto ao presidente do CMBIO, em Brasília, Roberto Ricardo Vizentin. Adão solicitou ainda reforço na segurança da área para preservação do patrimônio público. Até ontem, a segurança vinha sendo feita por apenas um vigia. “Na invasão anterior, eles depredaram parte de uma casa, cortaram arbustos para construção dos barracos, os cães perseguem animais da fauna e também deixaram muito lixo no local, tudo isso provoca um impacto na mata” afirma.

Com uma área de 1,3 mil hectares, a Unidade de Conservação de Uso Sustentável é considerada o maior remanescente florestal significativo do Planalto Médio. O local abriga 195 espécies de aves, algumas consideradas ameaçadas de extinção como o papagaio charão, veado e tamanduá. A mata também é referência de pesquisas desenvolvidas pelas principais universidades do Rio Grande do Sul. Atualmente são 15 estudos em andamento. “E sem dúvida a última grande reserva de floresta ombrófila mista (mata com araucária), na região no planalto gaúcho. O local é um banco genético para as próximas gerações. Por essas e outras razões precisa ser totalmente preservada”, avalia Gullich.

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