OPINIÃO

2014: a chave é a política

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O ano de 2014 iniciar-se-á mais favorável que o ano de 2013. A situação global menos desconfortável para o Brasil, se contrapõe ao sentimento de insatisfação, à esquerda e à direita, com desempenho político e econômico do País. Apenas ao longo deste ano, o Fed (Federal Reserve) emitiu mais de US$ 1 trilhão em dinheiro vivo que foi empregado na recompra de títulos do Tesouro dos Estados Unidos e em títulos privados, principalmente hipotecas. Do início da crise até agora, o balanço do Fed foi inchado em US$ 3,8 trilhões com o objetivo de tirar a economia dos Estados Unidos da paradeira e ajudar a ativar o emprego.

As análises de economistas no ano de 2013 foram um verdadeiro eletrocardiograma, indo de uma paralização da atividade econômica até a disparada da mesma, mas o fato é que o crescimento médio no triênio 2011/2013 de apenas 2%, a alta da inflação e o aumento dos déficits nominal e em conta corrente, trouxeram mais incertezas do que certeza para o ambiente econômico.

Para Gustavo Franco, o Brasil foi bafejado pelos ventos favoráveis da internacionalização da economia, do crescimento chinês, do bônus demográfico (força de trabalho crescendo mais que a população) e saneamento do sistema bancário. Diante de tantos trunfos, o governo optou por não cuidar do ambiente de negócios, degradar a política fiscal e fechar a economia. Por sua vez André Lara Resende aprofundou seu diagnóstico sobre o "capitalismo de Estado patrimonialista", no qual afirma que "o Estado brasileiro não está à altura do estágio de desenvolvimento do País". Assim, para além dos problemas conjunturais causados pela piora do desempenho fiscal, existe a questão de que o setor público no Brasil "atua contra a sociedade, e a favor de seus próprios interesses".

Lara Resende considera que a primeira tarefa do próximo governo deveria ser a de "reconstruir o Estado", que é "caro e incompetente". Ele faz a comparação com o Estado chinês, que "é competente, custa pouco e investe muito", mas ressalva que o Brasil não tem como adotar o "autoritarismo burocrático competente da China". Assim, a solução sugerida é a descentralização, com "autonomia aos Estados e aos municípios em todas as suas esferas, desde a fiscal, até a segurança, a saúde e a educação".

O economista José Roberto Mendonça de Barros, por sua vez, reflete sobre os prolongados problemas da indústria brasileira, que nem a desvalorização de aproximadamente 15% do real conseguiu resolver. Criticando a falta de integração industrial do Mercosul e o alheamento do Brasil das cadeias internacionais de produção, Mendonça de Barros elogia, por outro lado, os programas de estímulo à inovação. Para o economista, os grandes testes da atual política industrial serão os setores petrolífero e automotivo. No primeiro, é preciso compatibilizar a saúde financeira da Petrobrás com seu pesado programa de investimentos, e relançar a petroquímica e o etanol. No setor automotivo, o economista dá como certa uma "crise de superprodução".

Luiz Gonzaga Belluzzo, interlocutor da presidente Dilma Rousseff, ao contrário de Mendonça de Barros, vê um papel crucial do real valorizado nas agruras da indústria. Ele enxerga um "risco de regressão da estrutura industrial, a despeito da modernização defensiva dos setores que ainda sobrevivem à ofensiva dos manufaturados chineses". Segundo Belluzzo, a "dilaceração das cadeias produtivas" só será reparada com "a centralização do capital, agora disperso em empresas sem a escala requerida para participar do atual estágio da concorrência global". A política será fundamental em 2014. É a única variável possível de reversão, fator esse que não mude os números, mas que poderia mudar o clima e a confiança dos agentes econômicos. Com um clima político melhor, o risco Brasil cai, o cambio terá menor pressão, os juros poderão voltar a cair. Que venha 2014!!!

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