Rumo a Montevidéu

Grupo partiu ontem para última etapa do projeto Navegar

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Grupo deve levar 10 dias para chegar a MontevidéuGrupo deve levar 10 dias para chegar a Montevidéu
Grupo deve levar 10 dias para chegar a Montevidéu
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Percorrer pelas águas do rio Uruguai os cerca de 1,3 mil quilômetros que separam Iraí, no Rio Grande do Sul, de Montevidéu, será o desafio da oitava e última etapa do projeto Navegar Rio Passo Fundo – da nascente ao mar. Os 15 integrantes da expedição, entre alunos e professores, partiram ontem à tarde em direção à capital uruguaia. Antes do embarque, eles reuniram a imprensa na sala Futura para falar sobre as etapas anteriores e a logística da viagem. Desenvolvido pela escola Cecy Leite Costa, em parceria com o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (Gesp), o projeto teve início em 19 de outubro. Durante os três meses, os integrantes percorreram toda a extensão do rio Passo Fundo, desde as nascentes, em Povinho Velho, passando pela área urbana, até a divisa com Santa Catarina. “ Algumas fases foram realizadas a pé, outras com barco a motor, balsa, e agora com utilização do veleiro” afirma Paulo Fernando Cornélio, representante do Gesp.

Um relatório, incluindo análises de água coletadas em diferentes trechos, situação da vegetação, fauna e flora, será elaborado e entregue ao Ministério Público, Prefeitura Municipal e ao Comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica do rio Passo Fundo. Natural da cidade italiana de Valvasone, próximo a Veneza, a estudante Eleonara Peruch, 17 anos, certamente terá boas histórias para contar quando retornar ao seu país. Aluna do 3 º ano do ensino médio, ela participa há cinco meses de um intercâmbio na escola Cecy Leite Costa. Assim que soube da possibilidade de integrar a expedição, não perdeu tempo. “Estou muito contente em poder participar de algo assim. Vou navegar num barco que eu mesma ajudei a construir” relata em português.

O veleiro que a italiana se refere é uma das embarcações utilizadas na viagem. Ele foi totalmente construído com material reciclável na própria escola. Com capacidade para cinco a seis pessoas, pesa entre 150 a 180 quilos. Na parte do casco foram utilizadas cerca de 60 varas de taquara. O fundo foi preenchido com 1,2 mil garrafas pet. Já avela, medindo 5,7 metros, é toda confeccionada com tecidos retirados de guarda-chuvas. Além do Cecy, a expedição contará com um segundo veleiro, também construído na escola, mas revestido com fibra.

Idealizador do projeto e responsável pelas embarcações, o professor Antônio Carlos Rodrigues, disse que o mais importante da iniciativa é desenvolver um outro olhar para o rio Passo Fundo, para que as pessoas conheçam suas belezas e sintam a necessidade de preservá-lo. “Passamos por trechos belíssimos, precisamos dar essa visibilidade ao rio” comenta. Sobre a logística da viagem, o professor explica que a turma será dividida em duas equipes. Elas devem se revezar ao longo da viagem, entre trechos de navegação e o caminho por terra. Para garantir uma boa comunicação e localização, o grupo está equipado com rádios amadores e GPS. A intenção é navegar durante o dia e montar acampamento às margens do rio à noite. A chegada em Montevidéu está prevista para ocorrer dentro de 10 dias.

Aula na prática
Junto com o aprendizado sobre o meio ambiente, os alunos poderão ampliar o conhecimento na disciplina de história. Para isso, terão a companhia da professora da escola estadual Fagundes dos Reis, Eloni Ferri. “Vamos passar por cidades importantes como Buenos Aires, Colônia do Sacramento e Montevidéu. Esses estudantes terão oportunidade de fazer uma leitura ampla integrando as duas disciplinas. É sem dúvida uma viagem que vai ficar para a vida deles, para o futuro” prevê a historiadora.
Para o professor de biologia, Angelo Vinícius da Rosa Peres, outro integrante da expedição, a viagem é a oportunidade de observar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. “Encontraremos pelo caminho, assuntos de botânica, zoologia, observação da flora e fauna. Esse contato com a natureza é o mais importante” ressalta.

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