A estiagem sofrida pela região no mês de dezembro do último ano causou prejuízos no milho que não poderão ser recuperados. Mesmo com as chuvas das últimas semanas o potencial produtivo foi reduzido e a Emater Regional de Passo Fundo já estima uma redução significativa no volume do grão. A soja também sofreu com a falta de água, no entanto, por ser mais rústica, deverá se recuperar e as perdas serão menores. Produtores devem manter monitoramento em ambas as culturas para se protegerem do ataque de pragas e ocorrência de doenças.
O milho teve a área produzida reduzida em 3,65% nesta safra em relação ao ano anterior. A estimativa inicial era de colher mais de 669 mil toneladas. Com o problema enfrentado com a falta de chuva, o engenheiro agrônomo da Emater Cláudio Dóro estima que esse potencial deverá ser reduzido para 468 mil toneladas. “Essa redução de quase 200 mil toneladas preocupa, principalmente porque se trata de região forte na suinocultura e avicultura e teremos de trazer milho de fora”, avalia.
O engenheiro agrônomo orienta os produtores a manter os tratos culturais para o milho e monitorar a lavoura principalmente em relação às pragas nesse período. Segundo ele, mesmo o milho transgênico não é totalmente protegido. Os agricultores devem estar atentos principalmente a ocorrência da helicoverpa armigera que é uma lagarta de difícil controle e que está presente tanto na soja quanto no milho. “Até o momento não estamos enfrentando problemas mais sérios com essa lagarta. Ela ainda está sob controle”, pondera. Com os danos causados pela falta de chuva a produtividade média do milho deverá ter uma queda de 150 sacas, previstas inicialmente, para entre 100 e 110 sacas por hectare. O rendimento deve ser suficiente para os produtores pagarem os custos de implementação da lavoura.
Mercado
O cerealista Emeri Tonial observa que muitos agricultores que investiram em alta tecnologia nas lavouras terão quebras entre 30 e 50%. O problema da estiagem não atingiu apenas o Rio Grande do Sul, mas também o Paraná e parte do Paraguai, que exporta milho para o Brasil. No mercado internacional, recentemente a China devolveu navios carregados de milho aos EUA por ter encontrado vestígios de uma variedade transgênica ainda não aprovada, além disso há nos EUA uma discussão sobre a redução de etanol no combustível o que faria com que mais milho sobrasse e estivesse a disposição no mercado caso fosse aprovada.
O cerealista observa que o Rio Grande do Sul sempre consome mais milho do que produz e neste ano não deve ser diferente, há uma estimativa de que pelo menos 2 milhões de toneladas sejam importadas. Mesmo assim ele acredita que o mercado tem de ser dinâmico. “Se houverem condições para se exportar, deve-se vender no mercado internacional. Depois quando houver necessidade se compra”, pontua destacando que a cotação do Dólar é favorável para a exportação nesse momento.
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