Passo Fundo, sexta-feira à tarde. Ao lado de uma das paradas de ônibus mais movimentadas da cidade, na Avenida Brasil, centro, pedestres chegam a formar fila em frente a uma sorveteria. Na Avenida Presidente Vargas, bairro São Cristóvão, a cena se repete. Porém, lá a disputa é por melancias. Assim tem sido a rotina dos passo-fundenses na tentativa de aliviar o calor escaldante que atinge a cidade. Ontem à tarde, os termômetros atingiram a máxima de 31º graus.
Pelas estatísticas da Estação de Meteorologia da Embrapa Trigo/Inmet, as temperaturas registradas no verão 2013/2014, estão dentro da normalidade para o período. No entanto, o que vem tornando os dias insuportavelmente abafados é a associação de dois fatores: ocorrência de nebulosidade com a umidade relativa do ar acima dos 60%. “Quando temos a presença desses dois fenômenos, a sensação de calor é muito maior. As pessoas transpiram mais” explica o observador meteorológico, Ivegdonei Sampaio. Segundo ele, o calor se intensificou a partir da metade de dezembro.
A temperatura mais alta registrada até o momento ocorreu em 26 de dezembro, quando a máxima chegou na casa dos 35,2 º graus. É a segunda maior desde 1998. O levantamento aponta que nos 10 primeiros dias de janeiro, as máximas têm se mantido sempre acima dos 30º graus. Sampaio chama a atenção para as altas temperaturas, mesmo durante os períodos da noite e das manhãs. “Estamos enfrentando madrugadas abafadas e dias muito quentes. Teremos alguns dias mais amenos, mas este quadro deve se manter no mês de janeiro” prevê o observador.
Fila do sorvete
A comerciante Viviane Piccinini precisou interromper várias vezes a entrevista para ajudar a atender seus clientes enfileirados na calçada. Proprietária de uma sorveteria instalada há cinco anos, na avenida Brasil, ela afirma ser a melhor temporada de todas e revela o motivo. “O calor. Este ano está muito quente”. Para dar conta da demanda Viviane precisou mudar a estratégia: ao invés de dispensar funcionários no período de janeiro, está contratando. “Como a cidade fica mais tranquila nesta época, as vendas reduzem depois do natal. Só que este ano mudou. Com o calor intenso, o mormaço, as pessoas precisam de algo para se refrescar. O movimento aumentou em cerca de 25%, preciso contratar” comemora.
As altas temperaturas registradas desde as primeira horas do dia tem contribuído para esse crescimento. O estabelecimento abre às 8h e fecha somente às 23h. A procura, segundo ela, não é somente por sorvete. Por duas semanas, a comerciante ficou com o freezer destinado para água mineral praticamente vazio porque o fornecedor não tinha o produto para entrega-lo. Dono de um dos pontos de venda de melancia mais tradicionais em Passo Fundo, o comerciante Antônio Carlos Bilibio, 67 anos, também disse estar impressionado com o aumento das vendas.
Há oito anos instalado na avenida Presidente Vargas, em frente ao Igaí Eventos, no bairro São Cristóvão, ele precisou aumentar a carga para dar conta da demanda. “Comprava umas 800 agora estou trazendo 1,2 mil. Em dos dias vendi quase a metade” comemora. Assim como Viviane, ele também precisa interromper a entrevista para atender sua clientela. Entre uma história e outra, salienta a qualidade de seu produto, cujos preços variam entre R$ 8 a R$ 15 reais, dependendo do tamanho, e os benefícios que a fruta traz à saúde. “Ajuda a hidratar e a aliviar o calor. É especial para o verão” diz.
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