Em 3 primeiros anos de governo, a inflação média anual obtida pela administração Dilma é a mais baixa desde o Plano Real. Em 2011, 2012 e 2013, os preços medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram na base dos 6,08% ao ano. Também em seus primeiros 3 anos (1995, 1996 e 1997), o governo FHC obteve 12,40% de inflação média anual. Em período equivalente no governo Lula (2003, 2004, 2005), a média foi de 7,53%.
Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente a tomar posse após a criação do Plano Real (julho de 1994). E, embora a média anual de inflação de seus 3 primeiros anos seja bem superior a de Dilma, deve-se contextualizar os fatos. FHC, quando ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, trouxe a inflação de 2.477,15%, em 1993, para 916,43%, em 1994. Ou seja, o governo FHC tirou a economia do Brasil da UTI e o ritmo de alta dos preços foi para próximo do saudável.
No governo Lula, o consumidor brasileiro conviveu em 2003, 2004 e 2005 com uma inflação média anual de 7,53%. Pesou contra aquela equipe econômica o fato de ter recebido uma inflação na casa dos 12,53% ao ano, obtida no último ano da era FHC. Esse alto índice recebido pela administração Lula pode ser explicado pelo aumento de gastos do governo anterior em ano eleitoral; e pela pressão inflacionária do dólar sobre produtos importados. A moeda americana oscilava então acima dos R$ 4,00.
À equipe econômica do governo Dilma, mesmo com a média inflacionária inferior a de seus antecessores em 3 anos de mandato, cabe maior atenção. FHC e Lula receberam níveis bem elevados de inflação das gestões anteriores. Dilma, por sua vez, nem tanto. Começou a governar com uma inflação em 12 meses de 5,90%, patamar abaixo dos 6,08% médios de seus primeiros 3 anos como presidente.
Pelo lado das projeções, caso se confirme a estimativa de inflação do Banco Central para 2014, de 5,55%, a média de inflação ao ano do primeiro mandato de Dilma será de 5,95%, abaixo dos 9,56% e dos 6,43% dos primeiros 4 anos de FHC e Lula, respectivamente. Pelo lado da história, no segundo mandato, tanto FHC quanto Lula conseguiram médias melhores que as conquistadas por eles antes.
Essa descrição do período político pós plano real, reflete a cultura inflacionária brasileira, como a mesma esteve arraigada no conjunto dos atores econômicos, sejam eles, empresarias, sindicais, governamentais não governamentais. O Brasil mudou, avançou, corrigiu distorções macroeconômicas fomos nos anos 80 e 90 a Europa de agora. Ajustes foram realizados, principalmente na questão do orçamento público, que ainda sofre de imperfeições, mas que parecia uma anomalia contábil e econômica não tinha previsibilidade alguma.
Enfim, qualquer país desenvolvido, maduro, preparado, teve como pano de fundo investimento em educação e a inflação como valor nacional, o fato que o debate sobre a inflação em 2014 será recorrente, muito mais pelas incertezas na condução da política econômica, que atingiu a confiança dos investidores. O fato é que as decisões de hoje e o debate sobre a economia, podem fazer com que os investidores retomem a confiança no Brasil e finalmente possamos ter uma geração de brasileiros sem os traços da cultura inflacionária no seu DNA.
Fonte: Radar Econômico Estadão