A busca por um lugar seguro e longe dos conflitos políticos fez com que muitos bengaleses buscassem refúgio no Brasil. Bangladesh enfrenta uma série de conflitos políticos e, apenas na última eleição realizada no mês de janeiro e que reelegeu a primeira-ministra Sheikh Hasina pelo terceiro mandato, ao menos 26 pessoas morreram em função da onda de violência. Com medo dos ataques aos civis no país de origem, entre 400 e 500 bengaleses estão em Passo Fundo à espera do visto de refugiados. Enquanto ainda têm apenas o visto provisório, eles trabalham e buscam se manter e conviver com a comunidade. A falta do domínio do português dificulta a comunicação, mesmo assim eles garantem terem se sentido bem recebidos pelos brasileiros, em especial os passo-fundenses.
Os amigos Mohammed Robiul Islam, 26 anos, MD Juwel Ahmed, 23, e Dalim Ahmod, 25, chegaram ao Brasil há cinco meses e estão em Passo Fundo há três. O trio trabalha na lavanderia do Hospital São Vicente de Paulo e Mohammed é o que mais entende português e auxilia os demais. A decisão sobre vir para Passo Fundo partiu da indicação de amigos que já moravam aqui e recomendaram a cidade pela oferta de emprego, tanto aqui, quanto na região, e pela receptividade da população.
Em uma conversa a mistura de bengali, inglês e português demonstra que eles se esforçam para aprender o idioma oficial do Brasil. Se nem sempre têm as palavras na ponta da língua para expressarem o que querem, uma frase eles não se cansam de repetir “os brasileiros são muito bons”. A frase que pode parecer vaga ou generalizada carrega a experiência de quem viu a violência se espalhar de maneira tão grave no país que os obrigou a deixar as famílias e buscar refúgio aqui. O grupo concorda que todos foram bem recebidos pela comunidade, principalmente pelos colegas de trabalho.
A secretária da lavanderia do HSVP Marciana de Moura Saraiva é colega do grupo e conta que Mohammed, por entender melhor o português, geralmente é quem ajuda a repassar as orientações sobre o trabalho aos colegas. Com os brasileiros, a calma na hora de falar e a mímica ajudam a superar a barreira linguística.
Longe da mulher e do filho
Billal Hossain, 34 anos, deixou a esposa e o filho em Bangladesh e veio para o Brasil em busca de um emprego e um lugar seguro. Ele ainda não se adaptou ao idioma e com a ajuda de Diallo Amadou, natural de Nova Guiné e que mora no Brasil há quase três anos, ele conta os motivos que o trouxeram pra cá. Os conflitos políticos acabaram prejudicando os negócios dele no país. Ele espera agora poder trazer a família para reconstruir a vida aqui.
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