Vitória e algumas perdas
O PT conduziu ao poder, com ajuda de outras forças partidárias conseqüentes, o presidente Lula. Até hoje saudamos (no plural majestático), esta redentora conquista que desmistificou paradigmas implantados pelas elites econômicas, credenciando democraticamente um operário para governar o País. E muita coisa deu certo. A democracia cresceu e chegou a um patamar tal que permitiu colocar no banco dos réus, políticos de vários partidos, inclusive integrantes de cúpula petista. Alguns condenados, tentam justificar os atos como meio para atingir objetivos ideológicos e reformar o Brasil. E que métodos idênticos “sempre foram” praticados na vida pública, e de maneira mais gravosa porque servia ao enriquecimento pessoal de corruptos. A referência é verdadeira, mas a conclusão é absurda, imaginando que roubo do dinheiro público passasse a ser meio de transformação positiva à sociedade. Bem, mesmo assim, a obra política e os programas (sociais) de distribuição de renda não deixaram de tornar o Brasil mais decente. O roubo, caixa-2, mensalão, ou corrupção, jamais justificam.
Fundamentalismo
Acontece que a proclamação de um governo com modernas feições republicanas beneficiou o social, mas acendeu a chama da independência dos poderes. E o judiciário julgou as evidências ou atos de corrupção escancarados. Lula afastou os implicados do governo. A expectativa de que o Supremo fosse protelar indefinidamente ou absolver os denunciados não se confirmou. E vieram as condenações, algumas implacáveis. As correntes de corporação interna criaram símbolos de solidariedade entre companheiros. Isso também faz parte da correlação democrática. Não é justificável, no entanto, a forma com que o deputado petista André Vargas se manifestou, numa solenidade oficial do Legislativo, erguendo os punhos cerrados ao lado do ministro Joaquim Barbosa, imitando o gesto de petistas condenados do mensalão. Não é hora de tal gesto que guarda uma pitadinha fundamentalista.
Não muda nada
A obra de Lula e do PT, iniciando um processo de emancipação do povo via políticas públicas não ficou diminuída com o grave incidente que indiciou pessoas de seu governo. O povo parece que entendeu isso, tanto que elegeu Dilma. As condenações do Supremo serviram para discernir as coisas, do ponto da vista da justiça dos homens. O trabalho bom do governo não será solapado com a prisão de alguns, pois esta ocorreu “ipso facto”. A resposta à ânsia popular já foi dada pelo poder judiciário. Nem será proveitoso, eleitoralmente, aos opositores do governo, deter-se nesses fatos, que plasmaram lições evidentes. O povo quer saber de propostas de credibilidade na disputa eleitoral. Não é raro o réu sentir-se incompreendido ao ser condenado pelos jurados. Muitas famílias ficam magoadas quando é absolvido alguém que julgamos culpado por homicídio. Respeita-se a inconformidade dos políticos de todos os partidos que foram condenados, mas isso não justifica desrespeito. O fundamentalismo, este sim, pode tirar votos.
Retoques:
* Na feira do livro, procurei alguma coisa sobre o aprendizado do latim, mas tais obras estavam esgotadas, por que há interesse no assunto. Ontem li citação da expressão “carpe diem” (aproveitem o dia), na coluna da colega advogada Céia Giongo. Confesso que fiquei aliviado embora eu não seja conhecedor do latim, apenas curioso. E faço esta menção para não ser comparado com a história de Lima Barreto, sobre “O Homem que Sabia Javanês”. Está voltando a compreensão de que a língua latina clássica é meio de cultura e ciência, no mundo todo. Desculpem se uso, adrede, algumas expressões. Entendo que aprendo, com isso.
* Tarso Genro persiste na redução das taxas de correção da dívida gaúcha perante o governo federal. Isso deverá ser muito importante para a história do Rio Grande.
* Radares poderão atuar no trânsito mas também na fiscalização sobre o deslocamento de carros roubados e outras situações nas rodovias. Isso ajuda a segurança.
* A dolorosa situação que a afeta a mobilidade urbana em Porto Alegre revela a fragilidade da cidade.