OPINIÃO

Evolução em que direção?

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O último sucesso da Globo Amor à Vida trouxe questões que precisam ser maturadas pela sociedade. O desejo de vingança de uma jovem sobre um cidadão de meia-idade das antigas (galinha), uma periguete em busca de ascensão social rápida (também poderia ser um garoto em busca de sucesso no futebol, no funk ou no mundo das drogas) e a saída do armário de sensíveis homens inteligentes . A família de Félix é constituída de pai galinha e ausente, mãe leoa, assassina e inescrupulosa e meia-irmã, além de um casamento arranjado e de um filho de origem biológica incerta. Diria que é uma família estereotipada. Por falta de afeto Félix adquire a ambição e faz o jogo da maldade presumida e que terá a redenção no final da trama. Mas tudo isso é uma simulação em que situações sociais se entrelaçam e que nos são jogadas para o que a televisão tem de objetivo: o entretenimento. Nada é para grandes julgamentos e o que o pessoal queria mesmo era o beijo na boca daquelas doces criaturas. Foi meio forçado, mas ali estava, ali se estabeleceu e ali ficará marcado como momento eterno da TV.

Há pouco mais de trezentos anos queimávamos em fogueira quem duvidasse da existência de Deus. Também, antes da revolução industrial ninguém sabia o que era casamento por amor, casava-se em ambiente rural pela conveniência ou pelo arranjo dos pais. Foi na Inglaterra, nas fábricas e na convivência que o casamento adotou os moldes do que hoje é. Há pouco mais de cem anos cortávamos as gargantas de nossos inimigos políticos, de lenços vermelhos ou brancos. Ainda ontem jogamos bombas nucleares e outras atrocidades em nome de interesses político-financeiros. Aí veio o desencanto, a tristeza, a sensação de menos-valia e a música das guitarras, a droga e o sexo liberado. Este, o sexo liberado, nada mais era do que a volta ao passado de gregos e romanos onde ninguém era de ninguém e não havia a ideia do pecado, que foi introduzido na sociedade com o surgimento do cristianismo. Os heróis eram todos sem armário e assim era a sociedade, assim era o nosso passado como bem estão descritas as biografias de Alexandre, Júlio César e Marco Aurélio, só para citar algumas.

Dizem que o beijo gay (se é que se pode descrever assim sem parecer discricionário) é o resultado de evolução de uma sociedade mais afeita aos costumes, sem máscaras. Agora estamos liberando a maconha e no próximo Big-Brother não haverá mais edredom. Os rolezinhos e as pancadarias nos estádios de futebol não seriam atraso e, sim, livre manifestação hormonal do gosto pela aventura e perigo. A turma da gente está abandonando as praias, os shoppings e estádio de futebol porque a repressão dá problemas, sabe? Tem a turma dos direitos humanos e do conselho tutelar e o escambau.

A evolução, se é assim a melhor maneira de definir, nada mais é do que já foi, em outras épocas. A merda é que está acontecendo na velocidade da luz e está deixando sem jeito o pai que senta em um barzinho com seu filho de vinte anos porque ficam achando que formam um casal. Ou a mãe que antigamente saía de mãos dadas com sua filha adolescente porque entendem que pode ser namoro.

Não entendi o título Amor à Vida. Amor à Vida liberada e sem grilos, talvez ? Ou ainda, vida sem preconceitos e limites. Se isso vai ser assim, homens e mulheres se beijando não importando se são do mesmo sexo e o provável banimento do edredom do Big-Brother revelo que fico feliz por já estar quase sessentão, quase no fim da lida. Há algo que não está de acordo e desconfio que é a minha mente limitada aquela que foi criada para a união dos opostos, do côncavo e convexo, como diria o Rei Roberto.

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