Uma pausa de aproximadamente três horas no meio da tarde, foi uma das alternativas encontradas pela proprietária de uma oficina mecânica no Loteamento Maggi de Césaro, para aliviar os efeitos do calor. Das 14 às 17h, a equipe de cinco mecânicos permanece no estabelecimento apenas realizando serviços leves ou até mesmo de braços cruzados. A medida é inédita nos 10 anos de existência da oficina. “Nunca passamos por uma situação como essa. Para melhorar a qualidade do trabalho adotamos a pausa” diz a proprietária, Gisele Biasuz, 31 anos.
A parada não é a única arma contra as altas temperaturas. No lugar da tradicional calça e jaleco, a empresa liberou o uso de bermuda e camiseta. O sistema de circulação de ar dentro do estabelecimento, coberto com zinco, também ganhou uma atenção especial. A direção investiu aproximadamente R$ 3 mil na compra de cinco exaustores.
Funcionário da empresa há quatro anos, Leonardo Leal da Costa, 25 anos, comemora as mudanças. “Ficou bem melhor. Como trabalhamos com máquinas grandes, muitas vezes precisamos ficar mais próximo da cobertura de zinco que esquenta muito, principalmente à tarde” comenta.
Turno único
Inconformada com o calor, a empresária Elisângela Demarchi, 37 anos, proprietária de uma fábrica de gesso, no bairro Petrópolis, decidiu radicalizar ainda mais. Desde o início de janeiro, o estabelecimento está funcionando apenas no turno da manhã. A fábrica está instalada em um galpão, com cobertura de telhas de amianto. Para castigar ainda mais, no período da tarde o sol reflete diretamente na porta principal e invade parte do prédio. “Fica insuportável. Teve um dia que quase desmaiei de tanto calor. Não tem como aguentar” comenta. Com a dispensa dos quatro funcionários durante à tarde, algumas encomendas já estão atrasadas. A produção diária que fica em torno de 130 peças caiu para aproximadamente 50. Mesmo assim, a medida deverá ser mantida enquanto o calor persistir. “Os clientes sabem que não tem como suportar. Atraso um pouco, mas não sofro tanto, e nem meus funcionários” diz.
Para dar uma dimensão do calor, Elisângela se baseia nas próprias peças de gesso fabricadas no local. “Para se ter uma ideia, cada peça leva em média entre 15 a 20 dias para secar. Com o calor que está fazendo em Passo Fundo desde janeiro, ela está secando em apenas um dia. Nunca tinha visto algo assim” comenta.