James Carville, estrategista eleitoral escreveu em um cartaz pendurado na sede da campanha de Bill Clinton, no ano de 1992, a seguinte frase: It’s the economy, stupid! Traduzindo, É a economia, estúpido! Essa frase tornou-se referência para 10 em cada 10 campanhas eleitorais no mundo todo. Era o ano de 1992, as eleições americanas iniciavam o candidato a reeleição era George Busch, o pai, era o favorito. Naquele momento da política americana, o patriotismo estava forte entre os americanos, o fim da guerra fria e o sucesso da Guerra do Golfo alavancavam a reeleição.
No entanto os gastos militares explodiram e os desequilíbrios fiscais abalaram a economia americana, o que acarretou no aumento do desemprego e na queda de consumo. Com um discurso direto e objetivo sobre as proposta do futuro governo de Clinton, ele e seus correligionários diziam sem muitos rodeios que o problema de Busch, era a economia. Deu certo, Clinton foi eleito e reeleito, zerou o déficit público e fez o país crescer de maneira consistente e vigorosa. A relação entre política e economia está diretamente interligada. Em minha opinião as duas coisas parecem uma única, pois não é somente o mundo que gira em torno do dinheiro, mas o próprio ser humano competir e a competição proporciona mais dinheiro que o faz ascender socialmente.
O milagre brasileiro nos ano 70 criado por Delfim Neto, propiciou um crescimento de 14% no Produto Interno Bruto (PIB) em um único ano, “fazer o bolo crescer, para depois repartir” era a frase cunhada por Delfim Neto para explicar o contexto da época. Mas com o choque do petróleo o mundo inteiro e o Brasil entraram em colapso, pois o país crescia, tal crescimento era dependente da importação de petróleo para crescer, teve uma grande desaceleração, pois importar ficou muito caro. A inflação aumentou, os investimentos desapareceram junto com o apoio popular.
O General Figueiredo, deu, teve que iniciar a transição para um governo civil, o colapso da economia, originada pela crise do petróleo e da divida externa acelerou o processo. Na eleição do colégio eleitoral, disputavam Maluf e Tancredo, sagrou-se vencedor Tancredo Neves. Quis o destino que Tancredo não pudesse assumir e o seu vice acabou por ser o Presidente da época, Sarney, sem legitimidade popular necessitou construir sua marca de governo. No ano de 1986 criou o plano cruzado, onde aplicou um congelamento de preços e a criação de uma nova moeda. Sarney que apoiou o militares até o último momento alcançou uma popularidade de 80% do povo brasileiro. Nesse período o PMDB fez vinte e dois governadores em vinte e três possíveis e fez a maioria dentre os 49 senadores eleitos, 487 deputados federais e o maior número dos 953 deputados estaduais. Pela primeira vez na história o Distrito Federal elegeu sua representação política (TSE).
Passadas as eleições, a inflação virou hiperinflação e o povo que se dizia “fiscal do Sarney” desapareceu. Resultado o Presidente Sarney, entregou a Presidência da República para Collor com uma aprovação ridícula. Primeiro Presidente eleito pelo voto popular após a ditadura, Collor, entregou o Ministério da Fazenda para a Ministra Zélia Cardoso de Mello. Implantou uma política econômica recessiva, confiscou a poupança com o objetivo de cortar o consumo e recompor as reservas. Eleito por um partido pequeno, na época o PRN, abriu as fronteiras do Brasil para a importação, de Hardware e declarou que os carros brasileiros eram umas carroças, rompendo com Autolatina naquele momento, evitou o balcão de negociação com o Congresso Nacional e deu início a era das privatizações. Resultado: acabou cassado por ter comprado uma FIAT ELBA com sobras de campanha.
Enfim, a história se repete, os atores da época são os mesmo que estão na orbita do palácio do Planalto no Governo da Presidenta Dilma como estiveram no Governo Lula e no Governo FHC. Parece não dizer muito para os jovens de hoje, mas quem vai decidir a eleição de 2014 será a economia.