OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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Escola é a celebração
No momento importa que se faça grande esforço para recuperar fundamentos que possam mudar perspectivas tenebrosas em relação ao futuro do país. Refiro-me às questões sociais. Um desses enganos é a mera afirmação de que a “educação é a grande prioridade”. Palavras que não significam avanço. Precisamos correr e participar. Por isso, defendo a apologia da educação em todos seus aspectos. Além da obrigação constitucional de estado, a educação precisa maior espaço na família e na sociedade. A mercantilice e este falso status que alija valores como a educação são fatores que precisam de resposta. O início das aulas deve ser uma festiva celebração. Passo Fundo conta com aproximadamente 60 mil estudantes entre o ensino básico, médio e superior. A infância nascendo para o saber e a juventude florescendo célere para a formação profissional e para o conhecimento. A celebração deve ser estrondosa, maior que a tímida comemoração das datas de feriado cívico religioso. Ir à escola é a grande oportunidade do cidadão que quer estar preparado para enfrentar a vida. Não se dispensa a idéia de família, é claro, também por que a família tem o dever intransferível de preparar a criança e o jovem para receber os conteúdos escolares.

Onde começa
Nada de bom acontece se o aluno chega à escola sem nada querer. O êxito da criança ou do adolescente vai depender dos valores que se instalam no ambiente familiar. Desculpem a insistência, mas tudo começa em casa. Algumas revelações importantes acontecem no ambiente próprio da escola que fazem despertar vontades heróicas, contrariando a previsão do necessário incentivo familiar. São raros. As prioridades e valores disciplinares da escola devem ocupar lugar melhor e voltar ao pódio da competição da criança e do jovem. Cor do celular, carro, moda, falsa liberdade sexual, bebida e outras inconseqüências, infelizmente aparecem como fatores de notabilidade, enquanto a dedicação ao estudo ainda é vista como cafonice. Assim não dá! A mídia estará sempre impregnada de interesses consumistas, mas ainda há espaço para um jornalismo responsável que busque defender a importância da educação. Vale a pena, ainda que os comunicadores suportem pressões. “No te rindas, que la vida es eso”, diz o poeta Mario Benedetti.

Juarez Azevedo
A história da resistência libertária de Passo Fundo teve relevante participação do jornalismo. Os que atuavam nas redações até os anos 80 eram vigiados e assediados pelo regime autoritário. Não raro, jornalistas que faziam denúncia de corrupção ou arbítrio praticado por autoridade pública, respondiam inquérito policial. Os mais púgeis da crônica opinativa foram Argeu Santarém (falecido) e Ivaldino Tasca - hoje talentoso editor e escritor. Nas audiências inquisitivas da polícia, os jornalistas tiveram sempre a presença de um advogado. O então advogado titular da Procuradoria do Estado, Luís Juarez Nogueira de Azevedo acompanhou inquéritos na defesa dos jornalistas.

Homo Forensis
Alguém deve ficar pasmo com atitude de um advogado ligado à então Arena, partido do governo autoritário, e que se apresentava para defender a liberdade de jornalistas resistentes. Além da convicção de Juarez Azevedo de que os profissionais deveriam ser defendidos por terem procedido corretamente, há a circunstância inarredável da vida profissional do advogado que honra sua profissão. Juarez agiu como “homo Forensis”.

A história
Sempre mantive o respeito e a consideração para com o Dr. Juarez, que foi dirigente da OAB quando assumi a função de secretário executivo da subseção. Confesso, no entanto, ele nunca mostrou grande simpatia, mas admirável pela precisão de seu conhecimento. Corrigia previamente os textos da subseção, riscando os erros com uma Parker - 61 dourada. O rigor em relação ao vernáculo instigou-nos a estudar as letras. Por isso é justo registrar sua postura em defesa da liberdade de imprensa, na sua condição de advogado. É dever e um desabafo perante os anais da história. Continuo adversário da UDN, mas não se pode deixar de reconhecer sua atuação de defensor da liberdade de imprensa.

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