Renata Fontaneli é arquiteta e urbanista, especialista em Sustentabilidade e Eficiência Energética em Edificações e Mestranda Engenharia Civil/UFRGS
Recentemente temos vivenciado diversas quedas ou falta de luz na cidade e na região. Essa falta de energia tem durado horas ou até mesmo dias, gerando prejuízos e transtornos ainda maiores, como a falta de água, além da perda de equipamentos. Isso tem acontecido em parte devido aos temporais de verão, mas principalmente pelo excesso de demanda de energia elétrica usada para amenizar o calor com o uso de condicionadores de ar, numa tentativa de deixar os ambientes mais confortáveis.
Segundo o balanço energético nacional, o aumento do consumo final energético encontra-se superior ao crescimento da oferta interna de energia, havendo, portanto, uma necessidade de redução nas perdas e no consumo, pois é mais barato economizar energia do que fornecê-la. O consumo em iluminação é apontado como o segundo maior usuário final de energia, 22% do consumo de energia elétrica no setor residencial visa à iluminação (23% no setor comercial), tendo como primeiro o consumo pelo uso em ar condicionado, que fica em torno de 47% no setor residencial (48% no comercial).
Mas o que a arquitetura sustentável tem a ver com isso?
A diminuição do consumo de energia é um dos objetivos centrais da sustentabilidade. Diversos fatores contribuem para o aumento da demanda de energia elétrica e o arquiteto é um dos maiores responsáveis pelo conforto das edificações. Em razão disso, o uso adequado dos recursos naturais está se tornando um requisito fundamental para as novas construções, e o aproveitamento da abundância da luz do sol, um recurso renovável, caminha no sentido de se tornar característica das edificações contemporâneas.
Quando o projeto é bem concebido, a iluminação natural é sinônimo de economia de energia tanto em iluminação quanto em ar condicionado. Sendo assim, para uma arquitetura mais eficiente e integrada ao clima local, o uso da iluminação natural é uma estratégia fundamental nas decisões de projeto. Esse aproveitamento vai além do uso tradicional em janelas, pois pode ser inserido na cobertura, com o uso da iluminação zenital. O aproveitamento da luz pela cobertura pode ser desejável quando o ambiente é muito grande para ser iluminado adequadamente pela iluminação lateral e torna-se a forma mais eficiente de introduzir a iluminação natural em ambientes sem contato com paredes externas. Desde que bem dimensionada, essa técnica valoriza o ambiente e garante uma redução no consumo de energia com iluminação.
Além disso, não podemos esquecer dos benefícios para a saúde, pois é comprovado cientificamente que o ser humano precisa de doses diárias moderadas de sol, pois ao ter contato com a luz natural, o corpo produz vitamina D, que melhora a absorção do cálcio, fortalecendo os ossos.
Então, vamos ajudar a reduzir essa demanda de energia ao mesmo tempo em que melhoramos nossa qualidade de vida? Deixe a luz natural entrar e aproveite os benefícios fisiológicos e financeiros que ela proporciona.