O silêncio de Jefferson
Aconteceu o que ninguém acreditava. Roberto Jefferson, após condenado, resignou-se aos trâmites legais que o responsabilizaram por corrupção passiva e abandonou estratégias histriônicas para amenizar a pena. Ao falar à imprensa fez questão de definir o quadro, sem alardes ou ironias pela condenação. Disse que foi condenado e não há alternativa senão cumprir apena. Os demais detentos, José Jenoino, José Dirceu e Marcos Valério criaram estratégias sugerindo a ideia de perseguição política. Digamos, antão, que a insistência em transformar alguns condenados do mensalão em heróis, quer com declarações à imprensa ou mediante arrecadação de dinheiro para pagar as multas – tudo isso foi solapado pela atitude de Roberto Jefferson, disposto a cumprir a pena, e pronto!
Sarna não pega em leproso
Tucanos e petistas tentaram, em vão, lançar na conta de estigma ou linchamento a acusação de corrupção. Verifica-se certa ingenuidade, tanto de esquerda como de direita. Mais ainda quando considerarmos que os condenados ou acusados não devolveram o dinheiro roubado, muito menos demonstraram que os milhares de folhas do processo no STF seriam provas fracas ou inválidas. Mais ainda, em vez de aludirem a esmo que a condenação foi injusta, seria melhor demonstrar que não desviaram dinheiro público, ou até, que saíram do episódio do mensalão mais pobres que antes. Caso contrário, os argumentos soam como sino de pau. Os ditos motivos velados de que comprar adversários é o modo ideológico de mudar o país soa como procurar sarna em pele de leproso. Cumprir pena é cumprir o que determina a lei, e nisso o falastrão Jefferson foi mais realista.
Uniforme escolar
Em princípio, o fornecimento de uniforme escolar na rede municipal de ensino não nos parece algo essencial. Formação de professores, remuneração, segurança, ambiente escolar e cooperação dos pais e comunidade, são prioridades. Pensando bem, no entanto, ao se estabelecer o uniforme, aliado a outras atenções na escola, a idéia é muito boa. Envolve o sentido de identificação e importância disciplinar que promove a autoestima. Isso ajuda o aluno a se sentir foco das atenções e cria uma aura coletiva de responsabilidade. Atenua a avalanche de conotações mercantilistas que deturpam valores e criam status fictício. Sem dúvida, identificar alunos na escola ou na rua ajuda recriar um cenário de valores. Assim se espera!
Retoques:
* A última década propiciou estimulantes golfadas de liberdade social. As manifestações de rua, os canais de comunicação, a redução das castas intocáveis, tudo sugere liberdade republicana. A liberdade em si não tem leis. Observa leis. Em resumo, liberdade e responsabilidade subsistem numa reciprocidade simétrica. O leitor deve ter percebido: estamos intrigado com algumas leitoras sobre o tema “o que fazer com a liberdade?”
* Assisti, ontem, o programa de esportes do comunicador Meirelles Duarte na TV. Impressiona a forma exuberante quando abre o microfone e solta a voz. É um dom.
* Pensar não custa, ou “pensiero non paga gabela” como dizem os italianos. O desemprego nunca contribuiu para a paz social. No entanto, vivemos uma violência crescente, perante boa oferta de trabalho no país. O que é isso?
* A Feira do Produtor em Passo Fundo merece fomento tecnológico. Perto de nós, em Erechim, há bom exemplo. Aqui precisamos de um “up”, como diz meu consultor sobre comunicação jovem, o jornalista Hermano Favero, que aniversariou na semana passada.
* Falando em comunicação, o advogado e jornalista Carlos Fonseca e sua esposa Maria Pierdoná Fonseca, acabam de retornar dos EUA. Fonsa está readaptando-se ao fuso horário e ao idioma vernáculo.
* Tem uma lei que resolve o problema das dívidas e finanças brasileiras. Durante 500 anos, todas as pessoas devem produzir e depositar dinheiro de fraudes na conta da União. E se for tudo “fiscalizado”, até lá empatamos o jogo, com chance de virada.