OPINIÃO

Celestino Meneghini-06/03/2014

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Marcas da decência

O mais importante e conciliável com as utopias ou sonho de vivermos numa sociedade honesta é a certeza de que as lutas pela decência, mesmo que demore, tenham reconhecidas as suas marcas. Não há como fugir do processo histórico educativo mediante postura messiânica. Por isso preocupa a sensação frustrante que se alojou nos meios de comunicação circulante por conta do resultado da votação do recurso derradeiro dos mensaleiros, absolvidos na fase de embargos de divergência. A austeridade do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, determinado a conduzir a punição aos detentores da chave dos cofres públicos que se apropriaram de nosso dinheiro, empolgou o povo leigo. Ao mesmo tempo surpreendeu promotores, advogados, juízes e professores de direito.

Decepção e esperança

A utopia do justo e no ideal popular, de termos juízes severos e corajosos para enfrentar o poder, foi longe demais. A observação do ministro Joaquim Barbosa dizendo que todo o trabalho construído para demonstrar que não é só pobre e negro que vai para cadeia, soou como ruptura na liturgia forense. E todos aguardavam o resultado para punir os mensaleiros também pelo crime de formação de quadrilha. Barbosa só tinha o direito a um voto, ao lado de mais quatro ministros, favoráveis ao parecer do MP que negava procedência ao recurso dos réus. Há decepção diante de um placar do colegiado supremo de nossa justiça, mas o marco é a lição da mobilização nacional: é possível punir também os que sempre manjam o poder, como define Martin Fierro - “... La lay es como el cutijo, no ofiende a quien lo maneja...”

A mulher

No próximo dia 8 estaremos participando de diversas programações sobre o Dia Internacional da Mulher. Em todo o mundo usos e costumes ditados pela soberba masculina têm desequilibrado a relação homem mulher. Vejam que não podemos ficar só condenando as burcas orientais enquanto vivemos num país livre e meninas sofrem efeitos do tráfico de mulheres, donas de casa são abandonadas com a difícil missão de cuidarem sozinhas dos filhos, sem falar nas formas mais ou menos brutais de violência. Isso nós temos bem próximo. Nenhuma mulher é santa só por ser mulher, mas nossa fidalguia e respeito nunca será demais se considerarmos a insubstituível participação na vida social e familiar, a começar pela maternidade. Sempre digo: há um grande segredo entre a mãe e Deus.

Um canal que o olhar masculino não pode enxergar. E há a mulher namorada, irmã e amiga. Severas ou doces, são sempre especiais. Conheço uma freira que se dedica com muita seriedade ao atendimento de mães solteiras jovens ou adolescentes pobres. É inarrável a imensa dedicação e ternura que a religiosa devota a estas criaturas, compreensão que só uma mulher religiosa pode ter.

Fraternidade

No mesmo rumo de ações, a CNBB lança a Campanha da Fraternidade deste ano que adverte sobre o tráfico humano. A escravidão disfarçada, trabalho escravo, exploração sexual, venda de órgãos e tráfico de criança, vitimando principalmente a mulher a infância, exigem atitude dos governos. Ouvi entrevista com a Ministra Maria do Rosário, mostrando atitudes que confortam, sobre a campanha de proteção à criança. A boa notícia é que os conselhos tutelares vão receber recursos para atuar em redes de proteção.

Retoques:

* Vila Cruzeiro recebe obras de pavimento asfáltica nas vias principais. O asfaltamento das vias de transporte coletivo urbano logicamente influencia na redução do preço da passagem do coletivo.
* Ouvi muita televisão neste feriado. Nos autos 80 a escola de Samba Salgueiro projetou um grande enredo sobre a liberdade. Os membros de entidade cultural negra, infelizmente, foram barrados pela censura do governo militar. Um século depois da abolição a face nazista da ditadura de 64 discriminava e proibia a manifestação de comunidade de influência afro. Afinal, era proibido falar em liberdade!

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