Sir Martin Rees, o astrônomo real de sua majestade a rainha da Inglaterra, tentou (e conseguiu) descrever o “nosso universo” em apenas seis números (just six numbers). Não deixou nada de fora, inclusive nós, os seres humanos. Para tal, valeu-se das chamadas constantes físicas fundamentais do “nosso universo”, cujos valores podemos medir, mas não podemos derivar tomando por base apenas as teorias existentes, e do simbolismo mítico da Ouroborus, a emblemática serpente do antigo Egito, cuja figura da cobra com a cauda na boca, que devora a si mesma e também renasce dela mesma, expressa a unidade de todas as coisas, material e espiritual, que nunca desaparecem, embora mudem de forma, num eterno ciclo de destruição e recriação.
Bem no meio do caminho, entre a cauda da Ouroboros, representando escalas do mundo subatômico da ordem de 10 cm elevado na potência -20, e a cabeça da mítica serpente, cujas escalas cósmicas rondam 10 cm elevado na potência 25; estamos nós e nossas pretensões. Esses extremos, separados por quarenta e cinco potencias de 10, denotam uma dimensão espacial inimaginável para a maioria dos mortais comuns. Nada é em vão nesse “nosso universo” e suas constantes físicas fundamentais, que incluem desde a razão entre as intensidades das forças elétrica e gravitacional (o primeiro número) até o número de dimensões (três) por nós percebidas (o sexto número). Pela argumentação robusta apresentada por Sir Martin Rees, caso esses números fossem diferentes (apenas pouco diferentes), o “nosso universo” não seria o mesmo e estrelas, planetas e seres vivos não teriam surgido ou não seriam da forma que conhecemos. Você já se imaginou vivendo num mundo de duas dimensões? Ou parou para pensar por que o “nosso universo” é tão grande?
As conexões entre o micro (escalas subatômicas) e o cosmos, ainda que não expliquem tudo, explicam muito. Entender o mundo talvez exija o nosso regresso ao primeiro segundo após o Big Bang ou ao “8º dia da criação”, dependendo de preferências individuais de crenças. Eu opto pelo primeiro segundo após o Big Bang, cuja viagem no tempo retrocede uns 15 bilhões de anos, pois é impossível o entendimento de nossas origens sem o contexto cósmico. Infelizmente o que emerge dessa viagem pode não ser o que a maioria de nós esperava que fosse. Os seis números de Sir Martin Rees exigem sintonia para o funcionamento do universo tal qual conhecemos e que ao redor de 4 bilhões de anos atrás possibilitou a emergência do que entendemos por vida nesse planeta chamado Terra, não passando nós de meros frutos da evolução segundo Darwin. A sintonia das constantes físicas fundamentais do “nosso universo” (os seis números de Sir Martin Rees) não passou de mera coincidência (obra do acaso)? Ou foi uma providência de um “Criador” benevolente? Possivelmente, nem uma dessas perguntas seja a formulação melhor para a intrigante questão. A primeira exige uma resposta tipicamente materialista e a segunda pressupõe um “designer inteligente”, que não passa de uma versão travestida do criacionismo.
Outros universos podem existir, com esses mesmo seis números analisados por Sir Martin Rees sendo diferentes. Nós (vida no sentido amplo) podemos ter emergido em um universo com a combinação certa dessas constantes físicas fundamentais. Não é fácil imaginar as dimensões dessas constantes uma vez que escapam das sensações do nosso dia a dia. Se fossem menores, apenas um universo em miniatura poderia existir, sendo as criaturas vivas não muito maiores que um inseto e nem haveria tempo hábil, nos últimos 4 bilhões de anos, para que uma bactéria evoluísse até um ser humano.
O cosmos pode ser muito mais vasto do que o universo que podemos ver, cujo tamanho, em estimativa grosseira, teria em torno de 10 a 15 bilhões de anos-luz. Mas, quem nos garante que não há outros domínios cósmicos, cuja luz que vem viajando desde o Big Bang ainda não chegou até os nossos dias? Ou que o “nosso universo” não passe de apenas uma possibilidade numa mistura de universos, derivando, por consequência, o novo conceito de “multiverso”.
Para o nosso desespero, as seis constantes físicas fundamentais de Sir Martin Rees apenas reforçam o quão sem importância somos no cosmos.
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