Idéias de Jango no Senado
O mês de março, mais precisamente a data 13 de março de 64, marca momento em que Jango apresentou a plataforma das reformas de base para o Brasil, perante a multidão que compareceu ao comício da Central do Brasil. O senador Roberto Requião, lembrando o cinqüentenário deste marco histórico, relatou alguns fundamentos e disse que pretende lançar o desafio das reformas apontadas na época pelo presidente Jango. Em longo pronunciamento, mais do que valorizar uma data da história política, propôs o debate para a retomada das propostas, observando o quadro atual da política social. Alerta contra a remessa de lucros ao capital estrangeiro, uso social da terra e tantas questões que sangravam o povo brasileiro. Roberto Requião – PMDB foi incisivo, no que foi seguido por Pedro Simon e Cristovam Buarque.
Repressão
Como acontecia desde os primórdios da República, os grandes proprietários de terra que se achavam prejudicados com os efeitos da Abolição da escravatura, ruminavam verdadeiro rancor contra movimentos de liberdade e reforma agrária. Sempre apoiando os altos escalões do exército. Representantes do governo dos Estados Unidos vinham falando grosso e ameaçando derrubar Jango. Por isso, a proclamação das reformas precipitou a derrubada do presidente da então democracia. Falar em liberdade, em distribuição de terra, indústria nacional de ferro e aço, tudo isso desagradava aos americanos e seus sabujos. Estes, usando a mídia, algumas entidades orquestradas (até parte da Igreja Católica) e acolitando o exército nacional, rasgaram a Constituição e realizaram o golpe militar de 64, que lembramos agora, há cinqüenta anos. E Jango, declarado ausente da presidência foi derrubado. Hoje o congresso Nacional restaura esse registro histórico, onde se reconheceu que Jango foi destituído por falsas alegações de adversários golpistas. Depois de morrer no exílio o Brasil reconhece o erro e a injustiça de nossa história para declarar que João Goulart morreu como o legítimo presidente da República no exílio. Depois, veio o sombrio 31 de março. Houve violência também de resistentes. Mas foram duas lúgubres décadas, de assassinatos e perseguições a famílias de bem. O crime das mais terríveis violações era nababescamente pago pelo tesouro nacional. Pelo povo.
Menoridade
O Congresso Nacional tenta rediscutir a maioridade penal, que hoje é de 18 anos. A proposta tem chance de ser aprovada com a mitigação de algumas normas, como á a condição do crime hediondo. Ninguém mais duvida de que um adolescente tem toda a compreensão dos atos praticados, principalmente a violência. Se for aprovada a maioridade aos 16, constataremos que nada mais será feito. Não há presídio no Brasil que suporte os condenados soltos por aí. Aumentar a população carcerária, além de pouco provável, não se apresenta como solução para a criminalidade do menor.
Saneamento
As inundações nos centros urbanos e também a seca que aflige o abastecimento das cidades brasileiras agravam a falta de esgoto para 40% das moradias. O “Monstro da Lagoa Negra” – lembrando o espectro da ficção no cinema que assustava as crianças nos aos 50, agora se mostra mais cruel. Água contaminada nas ruas e casas, com as enchentes e a falta de água na seca. Isso é perigoso e o maior problema das cidades. Grande parte do gasto com atendimento médico hoje é gerado pela falta de higiene. Temos muito mais celulares e outros acintes de consumo do que água e alimentos sadios na mesa. A completa poluição é a contaminação das entranhas das crianças e adultos pela falta de saneamento. Pasmem, em Macapá apenas 01% das residências têm coleta de esgoto. Este é o rastilho implacável da miséria que precisa ser apagado.
Retoques:
* O ministro Gilson Dipp deverá vier a Passo Fundo nos próximos dias para evento na área do Direito. Está bem recuperado.
* Acisa completando 93 anos e está inserida em muitos eventos comunitários, inclusive o Comitê Bacia Hidrográfica do Jacuí. Marcos Silva é dirigente bem atento.
* Vi na TV a boa forma do colega Mateus Barato na entrevista.