Os motoristas e cobradores da Coleurb e da Transpasso paralisaram as atividades durante a terça-feira (25) e boa parte dos trabalhadores se concentrou em frente aos portões da Coleurb para pressionar a empresa a aceitar as reivindicações da categoria. Inicialmente nenhum ônibus havia saído da garagem. Posteriormente, os trabalhadores deliberaram pela circulação de oito veículos a fim de atender a demanda de bairros que não estavam contemplados por linhas da Codepas e Transpasso. Ao meio-dia, um novo ofício com reivindicações foi entregue à Coleurb, mas a categoria informou que a empresa não se manifestou a respeito.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb), Miguel Valdir dos Santos Silva, destaca que os grevistas apresentaram duas propostas à direção da empresa na manhã de ontem. A primeira era a de liberar apenas os oito veículos para fazerem as linhas São João, Roselândia, Nenê Graeff, Operária, Ricci, BR285, Lucas via Chicuta e Bom Recreio. A segunda proposta, que foi rejeitada, era de que todos os motoristas e cobradores voltariam ao trabalho caso a empresa liberasse 100% das catracas.
Para ajudar a atender a demanda, a Codepas colocou alguns ônibus de reforço no horário de maior movimento. Conforme o diretor-presidente da Companhia, Tadeu Karczeski, três ônibus extras foram colocados em atividade. No total, 26 ônibus circularam durante o dia para amenizar o acúmulo da demanda.
Conforme o diretor da Transpasso, José Almeida, dos 10 ônibus que deveriam circular normalmente pela empresa, apenas cinco rodaram nos horários de pico e três nos demais horários. Na Codepas, dos 87 ônibus que deveriam circular durante o dia, apenas oito saíram da garagem. De acordo com os representantes do sindicato, com os ônibus disponibilizados pela Codepas e pela Transpasso os percentuais legais exigidos de ônibus circulando foram atendidos.
Nas ruas, os usuários do transporte precisaram ir mais cedo para as paradas para poderem chegar ao trabalho dentro do horário. Além disso, durante a manhã se observou o acúmulo de passageiros em várias paradas do Centro da cidade.
Reivindicações
A proposta apresentada pela empresa e rejeitada pelos trabalhadores previa 6% de aumento salarial e 6% de aumento no ticket alimentação, ou R$7 de ticket por dia trabalhado. Conforme o presidente do sindicato, os trabalhadores começaram pedindo 15%, mas cederam durante as negociações e a proposta foi de 7,5% no salário e R$ 250 de ticket. Eles pediam ainda que a empresa pagasse a hora-extra do domingo no valor de 125%, hoje paga somente 50%, menos que a CLT, conforme Silva.
Posição da Coleurb
O advogado da Coleurb, Benoni Rossi, informou que a empresa ingressou com uma Cautelar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na segunda-feira (24), buscando garantir a manutenção do serviço à população. O advogado aguarda a confirmação de uma audiência de conciliação no TRT hoje à tarde.
De acordo com Rossi, a empresa considera a greve abusiva e ilegal, porque o transporte coletivo é considerado uma atividade essencial e há, portanto, algumas limitações em relação ao exercício de direito de greve. “Quando a categoria deflagra greve deve previamente conversar com a empresa para ver a necessidade de quantitativo de ônibus, de linhas e uma série de requisitos para o início de uma greve. Ao nosso entender isso não foi observado. Foi deflagrada uma greve imediata sem prévia negociação de como funcionaria o atendimento à população e, diante disso, consideramos que há esta ilegalidade”, argumentou o advogado.
A negociação deverá acontecer no âmbito do Poder Judiciário por meio de mediação. “Na atual situação não há possibilidade de atender as pretensões da categoria, até porque, houve uma redução tarifária. A empresa propôs a suspensão das negociações até que se tenha uma definição desta situação”, disse Rossi.
Liminar mantida
A Juíza Alessandra Couto de Oliveira da 1ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública manteve a decisão que determinou a redução da tarifa do transporte coletivo urbano no valor de R$ 2,30. O pedido liminar foi feito na ação civil pública ajuizada, no início deste ano, pelo Ministério Público Estadual, contra o Município de Passo Fundo, Coleurb, Transpasso e Codepas. Este valor está em vigor desde o dia 3 de março. Já nesta quarta-feira (26) acontece o julgamento do mérito na 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de outra ação envolvendo o valor da passagem de ônibus. Esta ação discute o aumento de R$ 2,45 para R$ 2,60 em liminar deferida em favor das empresas concessionarias pelo serviço na cidade no final de dezembro do ano passado.