Será que precisamos de uma montanha de remakes a cada ano? Será O que me fez pensar nisso é “a notícia” do dia 9 de que The Last of Us vai ganhar uma versão remasterizada para PS4. Alguns vão pensar "lá vem esse mala falar pela milésima vez desse jogo", mas vocês verão que é por um bom motivo. Além de conter o DLC Left Behind, The Last of Us: Remastered vai ganhar um tratamento especial e suporte para 1080p, ou seja, vai ficar ainda mais lindo do que já era no PS3. Mas será que é, de fato, realmente necessário refazer os grandes sucessos a cada videogame novo?
Ok, tem aquela coisa de que início de geração é sempre complicado, a biblioteca ainda é rasa para todo mundo, game devs ainda pegando as manhas de cada console, mas será que todo sucesso precisa relançado adiante? Certos momentos dependem de um contexto que vai além da tela à frente. A sensação de satisfação ao experimentar um game tem conexão com a situação da tecnologia, da sociedade, da situação histórica e política. Metal Gear Solid (1998) tem uma forte conexão com o projeto genoma, que era grande foco da ciência na época. Hoje, com kits de análise de DNA caseiros, talvez não desse o peso necessário para a trama. São detalhes que fazem toda diferença, por mais atemporal que seja a obra.
Um exemplo clássico é o RPG Final Fantasy VII, lançado em 1998 para Playstation. Na época, os gráficos e a qualidade sonora - o uso do CD ao invés de cartuchos permitia que fossem inseridos músicas e sons de qualidade cristalina - explodiram a cabeça de todos os gamers. Os personagens eram quadradões, bem simples, mas os cenários e as cut-scenes animadas eram muito bonitas. Volta e meia sempre sai algum boato sobre uma nova versão dele, logo é desmentido pela Square, produtora do game. Na verdade, é normal imaginar um remake todo lindo nos dias de hoje, mas será que ele ainda teria a mesma força, o mesmo fator surpresa, será que teria aquela sensação de "wow, que jogo foda"? Provavelmente não.
Por mais que a criatura não conheça tal jogo – e nisso remakes tem função sólida, expandir o público da obra –, acredito que não custe tanto assim dar uma chance ao original, seja ele da década de 80 ou do último ano, seja ele do Mega Drive ou do Xbox One. Pelo bem da experiência completa gamer, quem sabe não é melhor colocar da coisa no seu tempo.