OPINIÃO

Fatos - 16/04/2014

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Sentimentos
Inconcebível, inadmissível, injustificável, lamentável, deplorável, abominável, repugnante, revoltante, desprezível, indigno, inadequado, nefasto, execrável, detestável, vil, indecente, vergonhoso, lastimável detestável, insuportável, nefando, odioso, funesto, aterrador, calamitoso, catastrófico cruel, infausto, maldito, nefasto, triste, infeliz, adverso, amofinado, desditoso, pesado, ordinário, lastimoso, horroroso, repulsivo, intragável, maldito, sinistro, maligno. Nem que tivéssemos citado todos os adjetivos do vocabulário conseguiríamos expressar o sentimento de revolta e tristeza absoluta com a crueldade premeditada do assassinato do garoto Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, de Três Passos.

Hipocrisia I
Bernardo deu todos os indícios e mostrou todos os caminhos de que seu fim seria trágico. A sociedade de Três Passos assistiu a tudo, sabia de tudo, mas não evitou o que estava predestinado. Negligenciou. Afinal, tratava-se do filho de um médico, uma família de posses. Bernardo passava fome, tinha piolhos, se queixou de ter sido sufocado, não participava das refeições, era alijado do convívio familiar em público. Mas quem iria se comprometer? Ele era filho de um médico. A escola onde ele frequentava sabia, o Conselho Tutelar sabia, a Justiça sabia. O Ministério Público foi acionado por uma rede protetiva e a promotoria, por indicação do próprio Bernardo, chamou duas famílias para saber do interesse de adoção, e nenhuma se manifestou positivamente.

Hipocrisia II
A pergunta que não quer calar: se Bernardo fosse filho de uma família pobre, o seu fim seria o mesmo? Não, porque não faltariam denunciantes, porque a ação dos órgãos competentes seria vigorosa e porque ele seria retirado do seio familiar e recolocado numa casa de acolhimento, entrando para a estatística da adoção. E, com 11 anos, talvez não houvesse interessados em adotá-lo. Criança pobre, com problemas familiares... Sua condição social poderia ter lhe salvo a vida, mas jamais da hipocrisia da sociedade.

Reflexão
A jornalista Mariana Fontanive, morou 17 anos em Três Passos, conheceu Bernardo e a família. No final da tarde de ontem, ela postou no seu perfil um texto em que pede justiça e fecha a linha de pensamento com a seguinte frase: “Em Três Passos, cada um morreu um pouco. Morremos de vergonha por não ter conseguido limpar a sujeira de um pai e uma madrasta, que mataram um a um, ao tirar a vida do Bernardo amado e querido por todos”.

Estrela
Muitos de nós não conhecemos o Bernardo, mas estamos tão comovidos e consternados tanto quanto aqueles que o conheceram intimamente. O céu ganhou uma estrela!

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