Era o ano de 1997, a economia do país já não estava tão bem. Mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso desfrutava de ampla popularidade. Tanto é que aprovou a emenda constitucional da reeleição, para ele próprio disputar mais um mandato no ano seguinte. Naquele ano as notícias sobre a saúde da economia do Brasil não eram positivas, como hoje também não são. Em 1997, assim como em 2014 a grande imprensa anunciou um rol de grandes catástrofes econômicas, naquela época era muito especulado o fim da paridade do real com o dólar, ou seja a livre flutuação da moeda. FHC conseguiu segurar a economia até janeiro de 1998, período este que o câmbio passou a flutuar e a economia sofreu muito com a imprevisibilidade.
Em 1998, FHC e os demais aliados tucanos sabiam que um eventual segundo turno os obrigaria a um constrangimento razoável. Teriam de debater de maneira direta com o principal candidato de oposição à época, Luiz Inácio Lula da Silva. O PT tinha poucas ideias sobre como melhorar o país em 1998. Mas Lula era candidato pela terceira vez. Exalava esperança. O eleitorado poderia entrar em curto-circuito por causa da economia andando de lado. No final, FHC bateu na trave e acabou ganhando no primeiro turno. Teve 53% dos votos válidos.
Assim, como em 1998 o PT tinha poucas ideias sobre economia o PSDB nos últimos 12 anos sofreu um apagão econômico, Serra, Alckmin e novamente Serra, relegaram FHC para o terceiro plano. Em 2014, Aécio Neves faz com que FHC ressurja como fênix no noticiário econômico, juntamente com a comemoração dos 20 anos do plano real. Feito este que o PSDB não soube se apropriar fora do poder.
Após tentativas frustradas de fazer concessões onde o Governo Dilma tentou dizer para o mercado qual deveria ser o tamanho do seu lucro, e de quebrar contratos com o setor elétrico, o mesmo Governo deu meia volta e retomou as concessões de aeroportos, rodovias, refazendo a aliança com o empresariado nacional e internacional sempre com os juros subsidiados do BNDES. O feito das concessões possibilitou que os tucanos tirassem do armário seu ideário, tendo a frente o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Em entrevista publicada no Jornal o Estado de São Paulo, o assessor econômico de Aécio Neves, Armínio Fraga, defende a autonomia do Banco Central, a retomada das privatizações nos setores de infraestrutura. Segundo Fraga o BNDES vem se agigantando, “fazendo empréstimos a taxas muito baixas, sem, uma análise do impacto social desses programas. Carece de transparência. Minha impressão é que vai ser preciso fazer essa análise - e o papel do BNDES, no médio prazo, será menor”.
Armínio Fraga defende fortalecer a política fiscal, ajustar a inflação para o centro da meta, desengavetar a reforma tributária, entre outras medidas que podem exigir ajustes nem sempre populares. Mas ele acredita que o importante é antecipar o que deve ser feito, sem "populismo" eleitoral. "O custo de tomar medidas impopulares é muito menor do que o de não tomar".
Por sua vez os operadores econômicos do PT, além do Ministro da Fazenda, e Luciano Coutinho Presidente do BNDES, defendem um ajuste de três anos a contar de 2015. Pela lógica dilmista, com o PT no Planalto, o "ajuste" será suave e gradual. As tarifas represadas de combustíveis e energia serão liberadas aos poucos --em até dois ou três anos, como disse nesta semana o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Enfim, o que muda em 2015? Tudo e nada. Parece existir um consenso entre os principais economistas do Brasil da necessidade de um ajuste na economia, a divergência se dá no tamanho e na forma do ajuste, se depender do PSDB o mesmo será amargo e pesado já em 2015 se depender do PT o mesmo existirá e será suave, Eduardo Campos do PSB não fala nada sobre economia, ninguém sabe o que ele pensa, parece contar somente com um belo sorriso, nos marinheiros e nos votos considerado alienado. Qual será o melhor? Não sei, mas que o Brasil do futuro não será o mesmo de 201 tenho certeza que não.