Enfrenta, o educador, enormes desafios no país onde não se investe adequadamente naqueles que são os responsáveis para difundir o ensino e a cultura. Parece vergonhoso afirmar que se é professor, ainda mais em cursos de graduação. O desafio ainda é maior quanto menor for a faixa etária do alunato.
Na necessidade de se estabelecer cronograma de ensino é extremamente comum o aluno diferente, aquele que pensa fora da caixa, aquele rebelde que quer descer do ônibus, aquele perguntador e avesso às normas vigentes. Frente ao aluno dito indisciplinado, o educador se perde muitas vezes adotando um caminho de resposta delineado entre a ausência da autoridade ou ao seu inverso, o abuso ou autoritarismo. Os atos de indisciplina cobrem uma vasta gama de condutas disruptivas, avessas ao ideário disciplinar vigente que afrontam os códigos normativos da instituição. Esse fenômeno não é peculiar somente da escola pública, é universal. Há necessidade de se distinguir entre a incivilidade, indisciplina e violência e estabelecer o que é isso aí ou a livre manifestação da indisciplina, fruto da adolescência, a fase dos questionamentos. A agressividade latente dirigida contra as autoridades pode ser gerada pela desestruturação do ambiente familiar ou pelas más influências da TV ou internet.
Como enfrentamos? Os líderes considerados negativos devem ser neutralizados; primeiro fazemos o aconselhamento incansável; depois, as punições reparatórias: como recurso último, os encaminhamentos parapedagógicos. Tudo isso visa preservar a maioria ainda intacta e, ao mesmo tempo, atender à minoria problemática, antecipando-lhe o destino merecido.
Perguntas: será que estamos dando o destino certo a essas demandas cada vez mais frequentes? Será que estamos preparados para enfrentar o mundo da rede social? O que a criança e o adolescente espera do educador? O que a família e a sociedade espera do professor? O que, como, para que e para quem ensinar? Como deve ser o educador de hoje e o de amanhã?
Lembrei de reler algumas considerações acima de Julio Groppa Aquino enquanto nostálgico assistia ao final do filme Ao Mestre com Carinho (to sir with love) e compará-lo com outro filme Sociedade dos Poetas Mortos.
Pensar fora da caixa, romper as diretrizes vigentes, despertar no aluno a necessidade de voar, oferecer a magia da busca do saber e instigá-lo à busca permanente, tantos são os desafios de quem habita o púlpito. Porém, nada temos de respostas porque somos todos eternos alunos e também buscamos o aconchego que talvez nunca seja encontrado. Tudo é o que se quer do educador: serenidade, temperança, conciliamento, conhecimento, tesão e magia. Tudo bem, mas pagando o que se paga onde encontraremos esses deuses desprendidos?