Entre 60% e 70% de toda a soja colhida nesta safra ainda não foi comercializada na região. Os dados são da Emater Regional de Passo Fundo e da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (Acergs) e demonstram que os agricultores estão mais cautelosos na hora de fechar negócios. A preocupação deles é esperar um melhor momento do mercado a fim de compensar as perdas em produtividade que superam os 20%.
Nos 40 municípios de abrangência da Emater Regional foram cultivados 48.621 hectares de soja nos quais foram colhidos aproximadamente 1.500.000 toneladas de soja. De acordo com o engenheiro agrônomo Cláudio Dóro a colheita já foi encerrada e o clima colaborou. “Desde o dia 15 de março tivemos pouca chuva que favoreceu enormemente a retirada do produto da lavoura. Deveremos fechar com média de 45 sacos por hectare”, complementa. Esse volume está bem abaixo do esperado inicialmente que era de rendimento entre 55 e 60 sacas por ha tendo em vista os investimentos em tecnologia, sementes de alto potencial genético, boas fertilização e controle pragas e doenças. “Tivemos redução de aproximadamente 20% na expectativa, isso representa, no mínimo, 10 sacos por hectare a menos do que a expectativa inicial”, exemplifica.
Cautela na comercialização
Com o menor rendimento, os produtores estão mais cautelosos com relação a comercialização da commodity. “Comercializar é tão ou mais complicado do que conduzir a lavoura. A comercialização está bastante lenta porque não estão bem definidos os preços e as cotações estão oscilando muito”, justifica. Os agricultores estão preferindo comercializar apenas o necessário para cumprir com os compromissos assumidos enquanto esperam preços maiores. Atualmente a soja está sendo comercializada por aproximadamente R$ 63 a saca e a tendência no curto prazo é de que se mantenham.
Enquanto neste ano apenas entre 30% e 40% da soja colhida foi comercializada no ano passado, neste mesmo período, quase metade da safra já havia sido comercializada.
Mercado mais calmo
O presidente da Acergs Dilermando Rostirolla concorda que o mercado está mais calmo neste ano e os produtores estão preferindo reter o produto. Ele reitera que os agricultores estão vendendo apenas o suficiente para saldar as dívidas assumidas. “O dinheiro não circula e isso afeta inclusive o comércio e outros serviços. Eles esperam melhor remuneração”, reforça. A expectativa de melhores preços se baseia na quebra de safra americana e a baixa nos estoques mundiais.
Com relação a armazenagem, Rostirolla esclarece que a região vive uma situação diferente em relação a anos anteriores. Com a diminuição na área produzida de milho sobrou espaço nos silos que é suficiente para armazenar a produção. “Praticamente toda a soja está armazenada e nesse momento não estamos sendo prejudicados por falta de espaço”, compara.