Já é sabido que a vida corrida somada a má alimentação e ao sedentarismo contribuem para muitos casos de doenças cardiovasculares e que esses hábitos são comuns na vida de milhões de brasileiros. E o que a cidade tem a ver com isso? Será que ela pode contribuir para um estilo de vida mais saudável da população?
Podemos não perceber, mas a maneira como as cidades são planejadas, ou empiricamente formadas, influencia diretamente no modo de vida das pessoas que nela habitam. Você já parou para pensar como a cidade de Passo Fundo nos estimula (ou desestimula) para a prática de exercícios físicos ao ar livre? Não precisarmos ir longe buscar exemplos para nos darmos conta de como faz falta um parque urbano na nossa cidade, um espaço aonde as pessoas se encontram para manter hábitos saudáveis, seja para um simples passeio, para praticar seu treino ou simplesmente para relaxar.
Mesmo sem grandes investimentos e mudanças conseguimos soluções inteligentes nesse setor podem ajudar a mudar os hábitos da população. É o dever das cidades cuidar da saúde das pessoas que nela habitam. Mais saúde é menos doenças, é economia em saúde publica, é uma população saudável e mais feliz. Não necessariamente precisamos ir tão longe e esperar até que um parque seja implantado. Mas o mais prático e provavelmente mais eficiente seria espalhar a ideia pela cidade através de pequenas mudanças que valorizem e priorizem o pedestre.
Essa é a ideia por trás do Cidade Ativa, um projeto que promove o movimento active design nas cidades, a fim de promover transformações no ambiente urbano que incentivem um estilo de vida mais ativo e saudável. Nova York, por exemplo, se tornou referencia em atenção ao pedestre e com pequenas alterações no seu desenho conseguiu uma população motivada a caminhar em seus belos espaços e assim menos sedentária. Ao pensar na nossa cidade surgem inúmeras ideias de como poderíamos incentivar uma cidade mais ativa. Apesar de vivermos em uma cultura motorizada, acredito que aos poucos conseguiríamos vencer o sedentarismo.
Aproveitando o gancho da geração saúde, poderíamos pensar em uma solução simples como ponto de partida, que poderia ser um incentivo a pratica de exercícios e de convívio entre as pessoas. Que tal seria se aos domingos pudéssemos usufruir de uma extensão de 4km de um dos lados da nossa bela e verde Avenida Brasil exclusivamente para o uso pedestres? Todo esse espaço que nos dias úteis é palco de fumaça e barulho poderia ganhar um “respiro” e se tornar uma espécie de parque, um local central de convívio para a comunidade usufruir sem nenhum custo. Nos domingos o trânsito é baixo e as pessoas não tem um espaço publico eficiente que as estimule a deixar o sedentarismo em casa. Tenho certeza que a população apoiaria e não se importaria em utilizar vias alternativas para os veículos. Sem duvidas esta é a tendência contemporânea: um espaço e múltiplas funções.
Maiara Morsch é arquiteta e urbanista, professora universitária, especialista em Sustentabilidade em Edificações e em Geobiologia