Na passagem pelo Rio Grande do Sul, em novembro do ano passado, o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, esteve reunido com índios e agricultores em Passo Fundo e também na capital. Na oportunidade, anunciou a criação de um programa com recursos específicos para tratar dos conflitos agrários no Rio Grande do Sul. Passados seis meses, o presidente da Fetraf-Sul, Rui Valença, um dos presentes na reunião, afirma que o programa não foi além de uma ‘promessa’. “Não evolui em nada. Não tem projeto de lei. O ministro chegou a afirmar que o programa teria recursos próprios. Fizemos várias cobranças, mas até agora nada aconteceu”.
Para o líder da entidade, que conta com aproximadamente 30 mil associados somente no Rio Grande do Sul, o confronto que acabou resultando na morte de dois agricultores, na segunda-feira, em Faxinalzinho, vinha sendo anunciado há pelo menos 10 anos. “Estão empurrando com a barriga uma situação que já poderia ter sido resolvida. Alertamos inúmeras vezes, mas infelizmente não fomos ouvidos. Falta vontade política de resolver” lamenta.
Segundo ele, a proposta dos agricultores para resolver o impasse seria a criação, por parte do governo federal, de uma reserva para instalação das famílias indígenas. “Existe saída jurídica para o impasse, prevista inclusive no estatuto do índio, o qual menciona a criação de reservas para indígenas em situação de vulnerabilidade” comenta.