A transformação do trabalho é resultado das mudanças nos direitos civis e políticos e nas formas de exercê-los. As transformações tecnológicas, as mudanças nas formas de gestão são tão dinâmicas que a relação homem-trabalho está em constante e franca evolução. Os avanços nos direitos, conquistas salariais, carga horária, benefícios, qualificação contribuíram para a melhoria das condições do trabalhador. No entanto, esta evolução é constante, e atualmente, a garantia de qualidade de vida para o trabalhador também passa a ser prioridade para muitas empresas. É a nova ordem na gestão das corporações. No Dia do Trabalhador, o Jornal O Nacional ouviu especialistas que percebem esse cenário como uma preocupação cada vez maior, investindo em programas de melhorias e desenvolvimento profissional.
Uma dessas especialistas é a coordenadora do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa, Maria José Chambel, que esteve em Passo Fundo na última semana. Chambel afirma que “não há empresas sem pessoas” e que as organizações dependem da vontade dos seus colaboradores em trabalhar para que o trabalho seja bem feito. Um exemplo disso, segundo ela, são os vendedores, que vão atender o cliente de acordo com a vontade de estar ali: “quando entramos numa loja, nós vamos avaliar o funcionário pela maneira que se relaciona conosco e deduzir o quanto ele gosta, ou não, de trabalhar naquela empresa”, comenta. E para que isso ocorra, empresários e gestores devem estudar e desenvolver cada vez mais métodos que motivem seus funcionários.
A importância da valorização dos recursos humanos reside no fato de que as pessoas passam cerca de oito horas por dia no local de trabalho, durante pelo menos 35 anos de suas vidas. Por isso, os funcionários que possuem qualidade de vida na empresa são mais felizes e produzem mais, o que resulta, inclusive, em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar.
Alguns dos benefícios e atrativos praticados por empresas brasileiras para agradar seus funcionários são dos mais variados aspectos, tais como, saúde, alimentação, educação e desenvolvimento, formas de remuneração e auxílios, integração e lazer, comunicação interna, dentre outras práticas. Porém, Maria José destaca que as pessoas estão em constante mudança e o que funciona em determinada empresa, pode não dar certo em outra. Em seus estudos, ela aponta que as preocupações também se alteram de um lugar para outro: “Há países, por exemplo, em que as pessoas têm maior preocupação e exigência com sua vida pessoal e que vão trabalhar desde que a empresa garanta que sua família esteja assegurada, não trabalhando, por exemplo, depois das 17h. Em Portugal e também no Brasil, já notei que os trabalhadores são mais elásticos e trabalham, por exemplo, até às 20h, 21h, ou até quando for preciso, colocando a vida pessoal em segundo plano”. Entretanto, o que não muda, é a necessidade que as pessoas têm em se sentir realizadas na profissão e, a responsabilidade das empresas em contemplar esse desejo.