Stéfanie Rozin, fonoaudióloga especialista em gestão de pessoas
A audição nos coloca em contato com o mundo exterior, permitindo-nos desenvolver aspectos cognitivos, linguísticos e emocionais essenciais ao desenvolvimento humano. No dia 30 de abril comemorou-se o Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído, data importante para falar sobre um dos problemas mais comuns na saúde dos trabalhadores: a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE).
Quando há exposição ao ruído intenso continuamente, em média 85 dB em oito horas de trabalho diárias, podem ocorrer alterações estruturais na porção interna do ouvido. Para verificar a existência de alterações auditivas é fundamental a realização de avaliação audiológica, por meio da audiometria tonal, vocal e/ou imitanciometria. Estas avaliações devem ser periódicas respeitando legislação específica.
A PAINPSE não provoca incapacidade para o trabalho, porém, pode limitar a realização de diversas tarefas. Seus principais sintomas contemplam: perda auditiva, zumbido, dificuldade de compreender a fala, sensação de audição “abafada”, dificuldade de localização sonora e intolerância a sons intensos. Existem ainda sintomas de saúde geral que podem estar relacionados à exposição contínua ao ruído: dores de cabeça frequentes, alterações no sono, transtornos neurológicos, transtornos vestibulares (equilíbrio), problemas digestivos, comportamentais, cardiovasculares e até hormonais.
O trabalhador pode apresentar também: dificuldade para ouvir sons domésticos, dificuldade para compreender a fala em grandes salas (igrejas, festas), necessidade de aumentar o volume do rádio e televisão, problemas gerais de comunicação, cansaço, dificuldade ao falar no telefone, transtornos de ansiedade que podem gerar problemas familiares e até uma autoimagem negativa pela dificuldade em ouvir.
De acordo com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, as empresas empregadoras devem promover Programas de Prevenção de Riscos Ambientais abrangendo diferentes medidas para evitar problemas auditivos nos seus colaboradores. O uso constante e correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) é fundamental. As empresas, na maioria, usam abafadores de ruído tipo plug de inserção, ou fone tipo concha. Seu uso efetivo e os devidos treinamentos aos colaboradores pelo Programa de Conservação Auditiva (PCA) podem prevenir a instalação da perda auditiva e demais sintomas preservando a saúde integral do trabalhador, mantendo sua qualidade de vida e seu rendimento no trabalho.
No PCA, o fonoaudiólogo tem contato direto com o trabalhador, realizando as avaliações auditivas (audiometrias), informando a eficácia do programa, fornecendo esclarecimentos sobre os efeitos do ruído no corpo humano e suas formas de prevenção, orientações sobre o uso dos protetores auditivos, além de palestras educativas sobre a prevenção da perda auditiva que, neste caso, é irreversível, mas pode e deve ser evitada.