O mal do racismo
Para entender a luta pela igualdade racial nos seus escaninhos é preciso percorrer a série de absurdos históricos mantidos até hoje como privilégio de aristocracia. São distorções que são facilmente assimiladas como o privilégio do foro especial de altos mandatários, ou prisão especial para detentores de diploma superior. Ao citar estas situações desejamos remeter o leitor ao modismo que tomou conta de ledos intelectuais contrários às cotas raciais. Eles se manifestam zelosos pela igualdade democrática, firmando conceitos como a infeliz idéia de dizer que as cotas reduzem a qualidade dos ingressos na universidade. Afirmam isso como se o sistema de acesso à universidade tenha sido reto e democrático. Além de incidências espúrias, criminosas na burla de critérios, pela influência do dinheiro (“ad crumenam”) ou pelo uso do poder (“ad baculinum”), as provas vestibulares envergonharam muitas vezes nosso país. E a pretensiosa meritocracia do vestibular consagrou vagas desastrosas durante muito tempo. Mas, estas situações, nunca foram percebidas, nem receberam mísero lampejo das luzidias inteligências contrárias às contas que oportunizam reservas raciais na faculdade.
Tratamento igual
Longe de entender que a reserva de cotas possa causar uma nova aurora na justiça étnica, lembramos que é um acanhado pedido de desculpas pelos séculos de hediondez contra a dignidade dos filhos do nosso mesmo Deus, irmãos negros ultrajados. Ao mesmo tempo a aristocracia subjugou pobres, índios, mulheres, estrangeiros, muito mais os pobres e negros. Por isso, o sistema de cotas, como o ato de Abolição em 13 de maio de 1888, embora seja formal e sem a devida atitude moral, significam avanço efetivo e garantia de novos espaços. Oportunidade de acesso ao ensino superior vale tanto ou mais que os estímulos mundiais de sucesso negro, como Collin Pawel, Condoleezza Rice, Barack Obama e outras expressões do primeiro mundo. As cotas são atitudes nossas e concretas que ajudarão a melhorar o país e devolver esperança. O tratamento diferenciado em condições diversas enseja a justiça igualitária. Demos dinheiro para privilegiar empresas estrangeiras, que ameaçam despedir empregados, mas ousamos questionar programas de reconciliação da nação construída com a força e inteligência do braço negro. Por isso é bom saber que cotas nas universidades não significam qualquer favor aos afrodescendentes, mas isso faz parte de um pacto mínimo e urgente para evitar a degeneração crescente no Brasil.
Retoques:
*”É mais fácil separara água do vinho do que a hipocrisia da verdade.” (Carlos Malheiros).
* Tem uma elite que não sabe fazer nada de concreto pela humanidade, mas usa estratégia de abstrata meritocracia para ferir projetos que andam bem. O nível de oposição ao programa Bolsa Família, por exemplo, iniciado no governo Lula, mesmo com frases de efeito, expõe raciocínios ridículos.
* Estamos a criticar um segmento que cresce em importância nas relações sociais: a comunicação. Pois é! Alguns analistas brasileiros e estrangeiros são acometidos de fricotes com a improvisação brasileira, a ponto de pregarem o horror, como se o Brasil estivesse em guerra. As grandes potências perdem aviões, dinheiro, soldados e agentes consulares em vários pontos do mundo em guerra. Nunca perderam nada no Brasil, mesmo assim insistem em pintar um quadro desolador para uma simples Copa do Mundo. Pelo visto eles só confiam em lugares onde há guerra mesmo!
* Pior é que algumas opiniões não passam de sabujice; gente que quer ocupar a cena e aparecer bem para estrangeiros.
* Agradecemos as manifestações pelo aniversário ontem ocorrido. E foram muito mais do que eu mereço.
* Esta questão de idade festejada pode ser maravilhosa, afinal. Não dá para esquecer, no entanto, a frase estampada em tradicionais relógios da Europa: “Vulnerant omnes; ultima necat. – todas as horas ferem; a última mata”.