OPINIÃO

Resiliência

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A última pesquisa Datafolha, que apontou possibilidade de segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff, do PT, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), também ouviu os eleitores sobre o voto obrigatório. De acordo com a pesquisa, 61% rejeitam a obrigatoriedade e 57% não votariam se tivessem essa opção. Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), esses números são alarmantes. "A preferência nas pesquisas pelo voto nulo, pelo voto em branco, é uma tragédia nacional! É o descontentamento com as lideranças", diz ele. O cientista político Humberto Dantas fala em "descrédito nas instituições".

A rejeição ao voto obrigatório é maior entre os mais ricos e escolarizados. Entre os que ganham mais de dez salários mínimos, 68% são contra. No grupo dos que têm ensino superior, 71%. A pesquisa também demonstra que o voto facultativo ajudaria o PT, uma vez que os eleitores de Dilma Rousseff teriam maior propensão a votar do que os de Aécio Neves e Eduardo Campos. No caso dela, 43% faltariam às urnas se pudessem, enquanto os números de Aécio e Campos seriam 58% e 62%, respectivamente. Diante dos resultados da pesquisa divulgada, passei a refletir: o que esta acontecendo no Brasil? Qual é o real motivo da falta de esperança? Qual seria o motivo da rejeição ao voto obrigatório?

A resposta efetivamente pode estar na polarização entre PT e PSDB. Esses dois grupos a exatos 20 anos monopolizam a cena política nacional. Sem chances de produzirem novas lideranças capazes de se contrapor a eles. E a palavra que bem define isto é “medo”

Ao utilizar a propaganda política partidária o PT, faz um alerta: “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos”. Ao final, diz que “não podemos dar ouvidos a falsas promessas”, em referência indireta às propostas que vêm sendo feitas por candidatos da oposição a presidente da República, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Aécio tem falado, por exemplo, em adotar “decisões impopulares” na economia, e Campos promete buscar uma inflação anual de 3% a partir de 2019. Essa estratégia é muito semelhante à utilizada em 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que enfrentava dificuldades com sua taxa de popularidade e o estado geral da economia.

À época, FHC usou o discurso do medo dizendo que só ele seria preparado para continuar a combater a inflação, que havia começado a ser debelada em 1994. O adversário do tucano, em 98, era Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que perdeu aquela eleição. O comercial do PT usa agora uma estratégia que já rechaçou e conseguiu derrotar em 2002. Naquele ano, o PSDB novamente tentou usar o discurso do medo para eleger José Serra, apresentado ao eleitorado como o único capacitado para manter as conquistas de estabilidade econômica dos anos FHC (e até usou a atriz Regina Duarte em um filme). Lula era o candidato de oposição pela quarta vez consecutiva. O publicitário petista à época, Duda Mendonça, criou o slogan “a esperança vai vencer o medo''. O PT ganhou (Fernando Rodrigues).

O que está acontecendo no Brasil é o fim de um modelo econômico e social. Modelo econômico que não privilegiou a educação, onde somente a criação de empregos seria o suficiente para acalmar e gerar o estado de em estar social necessário para o povo sentir-se satisfeito. A cada fim de ciclo, um novo ciclo recomeça. Devemos ser resilientes, conforme Sabbag (2012), a vida oferece toda a sorte de contingencias, positivas e negativas. Mas nós reagimos a elas de modo peculiar. Somos muito mais suscetíveis a perdas que a ganhos. Portanto a resiliência é ativada muito mais nos aspectos negativos que positivos da vida. Vamos renovar nossas esperanças e acreditar. Participar ativamente e votar é ser resiliente. Fontes: Brasil 247; Fernando Rodrigues – UOL.

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