OPINIÃO

47 americanizados ronins...

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Ia escrever sobre o fato de “Godzilla” NÃO estrear em Passo Fundo (e se há um filme que deva ser visto  na tela grande do cinema é um filme sobre Godzilla, convenhamos, independente da qualidade) ou sobre o bom “Capitão América – Soldado Invernal”, infinitamente superior ao primeiro filme, que está em cartaz, mas não vou falar sobre o que está ou deveria estar em exibição em Passo Fundo. Minha atenção nessa semana foi para outro lado.

A Versátil, distribuidora de filmes brasileira que é reconhecida pela contribuição em fazer entrar no mercado nacional clássicos e filmes raros, lança a segunda parte de uma coletânea dedicada a clássicos do cinema oriental que enfocam, unicamente, os filmes de samurai. É justamente em meio a esse lançamento – que tem filmes de diretores pouco conhecidos aqui como Kihachi Okamoto – que acabei vendo “47 Ronins”, com Keanu Reeves, que estreou no Brasil no começo do ano. O comentário vem aqui unicamente porque o filme é uma prova de como Hollywood (assim, significando o cinema comercial de blockbuster) toma posse de materiais ricos de outras culturas para transformá-los em um esboço do que poderia ser uma visão de fora. Uma caricatura. A história dos samurais sem mestre que são desonrados e passam anos construindo sua vingança faz parte do imaginário popular japonês, mas nas mãos do diretor Carl Rinsch torna-se pretexto para a incorporação de um elemento estrangeiro – o norte-americano Reeves – em uma história recheada de elementos fantásticos e efeitos visuais. É o modelo de como certos pensadores do cinema comercial enxergam o público de hoje: um bando de adolescentes cuja única forma de atração está na forma recheada de atrativos vazios, embalando uma ausência de conteúdo. Se há méritos no filme de Rinsch foi ter despertado a vontade de ver qualquer uma das muitas versões da história já filmadas no cinema japonês. A versão de Mizoguchi, de 1941, é minha primeira escolha. O outro mérito é o de ter acentuado o quanto “13 assassinos”, épico de samurais recente de Takashi Miike, é um exemplo do cinema épico que “Hollywood” não consegue reproduzir respeitando o espectador.

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Muito bom o episódio de estreia de Penny Dreadful, série de terror sobrenatural produzida por Sam Mendes com uma ótima Eva Green comandando o elenco. A premissa indica uma mistura geral de monstros clássicos da literatura que se ligam naturalmente no destino dos protagonistas. É uma caleidoscópio de referências fantásticas ambientada na Londres vitoriana. Difícil dizer se vai manter o ritmo, mas para quem gosta de histórias fantásticas, é prato cheio.

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Ainda no assunto séries, em “Game of Thrones”, o desempenho de Peter Dinklage (Tyrion Lannister) no final do sexto episódio é desde já uma das melhores coisas que o cinema e as séries de TV apresentaram em 2014. O anão estraçalha com a série e ofusca todos ao seu lado. Fabuloso.

 

 

 

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