O segundo semestre desse ano será marcado pela ocorrência do fenômeno meteorológico El Niño. Causado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, ele é responsável por ocasionar chuvas acima da média, dependendo da intensidade. Conforme o observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet Ivegndonei Sampaio, apesar de já estar confirmada a ocorrência do fenômeno, ainda não há certeza sobre a intensidade que ele deverá ter.
Sampaio explica que o prognóstico foi elaborado pelo Ceptec/Inpe/Inmet. O documento afirma que a temperatura do mar nas camadas superficiais do Pacífico Equatorial apresentou valores acima da climatologia, sendo determinante para a previsão do fenômeno El Niño para o segundo semestre de 2014, com chuvas acima da média em toda região sul. “O que ainda não está claro é a intensidade se será fraco, moderado ou forte. A preocupação maior que notamos dos agricultores é que se o fenômeno se confirmar e permanecer no final do inverno e início da primavera ele pode causar perdas na safra”, explica.
Em função de causar chuvas acima da média e coincidir com a estação mais chuvosa do ano, a primavera, o El Niño pode favorecer a ocorrência de doenças em períodos nos quais as culturas de inverno entram em floração ou estão produzindo os grãos. Dependendo da intensidade do fenômeno e da ocorrência de doenças, podem acontecer perdas em produtividade ou ter reflexos negativos na qualidade.
Nos anos de 1983 e 1997 foi registrada a ocorrência do fenômeno El Niño de intensidade forte e prolongada. “Em outubro de 97 choveu 590 milímetros. Lembro que naquele ano houve vários alagamentos e teve impacto na colheita do trigo”, lembra Sampaio. Além disso, em outros anos o fenômeno também já ocorreu com intensidade fraca e moderada entre o inverno e a primavera.