Indicado pelo então Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira no ano de 2011, Ronaldo Nazário foi escalado para integrar o Conselho de Administração do Comitê Organizador Local (COL), o objetivo do convite foi surfar na imagem de bom moço para diminuir as críticas à preparação do Brasil para a competição. Durante todo o período de preparação para a Copa do Mundo, Ronaldo que não teve papel de atuação executiva no dia a dia da entidade, percorreu o Brasil, visitou todas as cidades sedes e participou dos eventos relacionados à Copa do Mundo no exterior.
O atacante Ronaldo Nazário, ex-jogador, artilheiro, consagrado nos gramados, declarou apoio à candidatura de Aécio Neves meses atrás e já se refere ao mesmo como “Presidente”. Porém Ronaldo, disse sentir-se envergonhado com os atrasos e dificuldades do país nos preparativos para o torneio. “E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e não poderíamos estar passando essa imagem para fora", afirmou o ex-jogador em entrevista à Reuters na sede de sua agência de comunicação, em São Paulo. "Os estádios, de uma maneira ou outra, vão estar prontos. Agora, o legado que fica para a população mesmo, as obras de infraestrutura, de mobilidade urbana, aeroportos é uma pena que tenham atrasado tanto", acrescentou.
As declarações de Ronaldo despertaram irritação na mandatária do País, a Presidente Dilma Roussef declarou que “o Brasil não tem "complexo de vira-latas" e nem que se envergonhar da organização da Copa do Mundo, depois que o ex- atacante da seleção brasileira Ronaldo disse que se sentia "envergonhado" com os atrasos para os preparativos do Mundial”. "Tenho certeza que nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade, tenho certeza do que fizemos. Tenho orgulho das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar e não temos complexo de vira-latas", afirmou a presidente, sem citar Ronaldo, em discurso no Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, em Brasília.
Por sua vez, o polêmico Colunista Juca Kfouri, contribuiu com muita lucidez para o debate instalado ao dizer que está com vergonha do Brasil, “Ronaldo, que não dá ponto sem nó, busca três objetivos: eximir o COL das responsabilidades que também são do COL, do qual faz parte, talvez a mais visível; culpar o governo federal, embora as culpas devam ser divididas também entre os 12 governos estaduais e municipais que receberão a Copa do Mundo; apoiar a candidatura à presidência do amigo Aécio Neves a quem ele chama de futuro presidente".
Para o empresário Abilio Diniz “o Brasil não é só um país em construção, mas uma marca em construção. Uma marca que reflete tudo o que somos: um gigante em paz com os vizinhos, um país com enormes recursos humanos e materiais, uma das maiores democracias do mundo, uma economia de mercado de cerca de 200 milhões de consumidores, imprensa livre, Justiça independente, instituições sólidas. Quantos países têm essas credenciais?”.
Vira-lata não, complexo sim, incompreensível muito. Este é o Brasil, que em muitos momentos de sua existência é incapaz de trilhar seu próprio caminho. Complexo, pois somos um país de dimensão continental, com uma população heterogênea, com as mais diversas necessidades. Muito incompreensível, é que os políticos e os partidos políticos e a classe política sujeite-se a não liderar um movimento que não consta como prioridade para a população, a reforma política e desburocratização do estado. Enfim, temos tempo de reverter os prejuízos com a Copa do Mundo, quanto mais eficiente e eficaz formos na divulgação das potencialidades do Brasil, a marca Brasil poderá se consolidar e os custos da copa serem reduzidos.
Fonte: Reuters; Folha; Brasil247; ESPN