OPINIÃO

Nos cinemas e em DVD também!

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Alguém tem alguma explicação lógica, razoável, minimamente aceitável, para que os cinemas de Passo Fundo exibam, neste final de semana, “12 anos de escravidão”?
Pergunto porque o filme já está disponível em DVD.
E estreou nos cinemas do Brasil há três meses atrás...

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Me abstenho de fazer a mesma pergunta quanto à única cópia de Malévola, inclusive aquela exibida às 21:30, ser dublada, porque ver o filme legendado é uma preferência pessoal, mas também não havia sequer a opção de ver X-Men – Dias de um Futuro Esquecido em uma versão com legendas sem o famigerado 3D - são faltas de opção que podem afastar uma parcela do público das salas.

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Aliás, sobre o novo X-Men, que assisti em 3D, me parece um filme de ritmo frenético – tão frenético que opta por ter um roteiro quase autofágico, que devora a si mesmo e prefere correr com elementos importantes que justificam a trama, para que assim o público não pense muito. É irônico que seja justamente o roteiro o ponto fraco da nova aventura, já que as aventuras dos mutantes são das melhores adaptações que o cinema já fez dos quadrinhos. É um filme divertido, que deve muito da ligação do público à força de sua trilha sonora e o carisma dos personagens, mas com uma história que se fragiliza aos poucos. A primeira metade é a melhor. Na segunda, há sequências cuja existência só se justificam pela exibição meio vaidosa do poder dos efeitos visuais. Mas diverte. Pena que o 3D mascara muito do trabalho de direção de arte em prol de uma profundidade que não acrescenta em quase nada à experiência de ver o filme. Sou um crítico do 3D, apesar de reconhecer que em determinados filmes, como Avatar e A Invenção de Hugo Cabret, ele se torne um personagem à parte. Não é o caso aqui, onde é mero artifício vazio.

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A cena mais famosa de “12 anos de escravidão” é um plano-sequência de imagens fortes, envolvendo a oscarizada Lupita Nyong’o, Michael Fassbender e um chicote, mas se há cena que resume o sentimento do filme, é uma sequência em que o personagem de Chiwetel Ejiofor mantém-se vivo na ponta dos pés, enforcado, durante horas. É uma cena sem ação, revoltante, que parece interminável a quem vê o filme. Não acho que o filme de Steve McQueen merecesse o prêmio de melhor do ano no Oscar, mas é um filme importante principalmente aos norte-americanos (é uma ferida que custa a cicatrizar para eles, e está longe de acabar). O filme mais emblemático sobre racismo, para mim, é de 1988, de Alan Parker, e chama-se “Mississipi em Chamas”, porque não busca tão longe no passado o seu tema: o faz na contemporaneidade, mostrando o lado racista e nojento do Mississipi. Já passou várias vezes na TV, mas quem não viu, deveria ver.

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