O Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou, o Brasil cresceu somente 0,2% na no primeiro trimestre de 2014 em relação ao último trimestre de 2013, segundo dados divulgados pelo IBGE. A queda no consuma das famílias sob a ótica da demanda que é o principal item da composição do PIB caiu 0,1% no primeiro trimestre, diante destes dados, o resultado é o pior desde o primeiro trimestre de 2011. O baixo crescimento econômico registrado no período reflete um cenário não muito propenso à expansão da atividade econômica, os juros cresceram a confiança dos consumidores e dos empresários diminuíram, sinalizando crescimento econômico fraco, os fatores que contribuem para este cenário são: restrições ao crédito, pelas elevadas taxas de inadimplência, elevação da taxa SELIC e o componente principal é a elevação da inflação, que aparentemente permanece controlada pela intervenção estatal.
Com a elevação dos custos com gêneros de primeira necessidade como alimentos, a tendência é sobrar menos dinheiro para bens menos essenciais, percebe-se que a inflação corroeu e está corroendo o poder aquisitivo das famílias, aumentando a insatisfação com o padrão de vida atual e diminuindo as perspectivas futuras. Ainda os investimentos também foram reduzidos em 2,1% no primeiro trimestre contrastando com períodos anteriores, porém refletindo o pessimismo dos empresários. Tal redução emite um sinal ruim para o mercado, pois a base produtiva só aumenta com mais investimentos na indústria, infraestrutura e em outros segmentos. Por estas razões a taxa de investimentos em ralação ao PIB ficou em 17,7% no primeiro trimestre de 2014, o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009.
Sob a ótica da produção a indústria foi o destaque negativo com quedo de 0,8% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2013. As dificuldades da Argentina refletiram negativamente nas exportações brasileiras, onde a desaceleração dos investimentos, juros altos e queda da confiança contribuem para o adiamento de investimentos e em muitos casos até a desistência. Os dois setores que tiveram aumento na formação do PIB foram os setores de serviço com crescimento de 0,4% o que contribuiu efetivamente para evitar a retração da economia, pois este setor representa 60% do PIB brasileiro. E o setor agropecuário que cresceu 3,6% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2013, este setor já vinha tendo crescimento significativo, porém seu peso é pouco na formação do PIB.
Para sair da sequência de PIBinhos, o Brasil precisará mudar seu modelo econômico, sendo necessário buscar aumentos de produtividade, para potencializar o crescimento “a estagnação da produtividade é o gato que subiu no telhado em termos de crescimento, e o fato deste processo durar vários trimestres é um sinal de que a economia também deve entrar em estagnação”, avalia Samuel Pessôa, sócio da consultoria Tendências e pesquisador do Ibre. A economista Silvia Matos do Ibre, afirma que a queda da produtividade está contribuindo para a forte desaceleração dos investimentos, a razão para se investir menos, quando cai a produtividade, é que o retorno dos negócios piora, e a competitividade se deteriora.
Segundo dados da Penn Wolrd Table, base de dados internacionais da Universidade da Pensilvânia, a produtividade brasileira cresceu 3% ao ano de 1955 a 1976. No período turbulento da economia brasileira de 1977 a 1995, que vai do segundo choque do petróleo ao plano real, a produtividade caiu fortemente. No governo Fernando Henrique Cardoso, o indicador ficou praticamente estagnado, voltando a crescer a partir de 2004. As alternativas para transformar os PIBinhos em PIBões, passam necessariamente pelo mudança de postura dos condutores da política econômica, leia-se Ministro da Fazenda e Secretario do Tesouro Nacional, bem como a realização de um grande pacto político onde a educação seja a prioridade da nossa nação.
Fonte: Estadão; Folha.