OPINIÃO

O que dizer do tempo?

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Bill Murray interpreta um jornalista pedante, mal-educado, cansado da profissão e de pouco trato com as pessoas, que vai com seu cinegrafista e sua produtora a uma pequena cidade do interior dos EUA para cobrir o “Dia da Marmota” - em que uma marmota “fala” ao ouvido de um homem como será o inverno: um dia que resume tudo o que ele mais abomina na profissão em uma cidade que reúne o tipo de pessoa que ele mais detesta. Porém, uma nevasca o impede de ir embora e ele é obrigado a dormir na cidade. No outro dia, para sua surpresa, ele acorda... no dia anterior, e todos agem como se fosse, ainda o “Dia da Marmota”. A cada manhã, ele se descobre preso no tempo vivenciando sempre os mesmos acontecimentos, os mesmos eventos, encontrando as mesmas pessoas, que dizem e fazem as mesmas coisas. A sinopse do genial “Feitiço do Tempo”, do falecido diretor Harold Ramis só está aqui porque lembrei imediatamente do filme – uma das grandes comédias do cinema de sempre – quando estreou, por aqui, “No Limite do Amanhã”. Não vi ainda o filme de Tom Cruise, em que um homem se vê preso no dia de sua morte, revivendo-a sucessivamente, mas acho pouco provável que seja tão genial quanto o filme de Ramis. Mas, apesar de estar saturado com as receitas prontas do cinemão americano – e de decidir dar um tempo nas idas ao cinema por causa disso – torço para que o filme seja bom, porque a temática me atrai. É um estilo de trama que funcionou bem, também, em “Contra o Tempo”, com JakeGyllenhall. “Questão de Tempo”, filme emocionante que esteve não faz muito tempo em cartaz, também comenta sobre as consequências de reviver certos atos. Que tipo de questionamento trará o filme de Cruise? (e ele traz algum?)

 

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Me dei conta de que comentei, já, brevemente, sobre o bom “Capitão América” e o divertido, mas inconstante, “X-men”, ainda em cartaz em Passo Fundo, mas não havia falado ainda nada sobre a continuação do reboot do “Homem-Aranha”. No filme anterior, já havia visto algumas características melhores do que nos filmes de Sam Raimi, mas o todo da obra ainda é inferior à primeira trilogia, aquela com Tobey Maguire, que se preocupava menos com a verossimilhança e mais com a diversão. Aqui, parece ser o contrário: uma preocupação excessiva com a verossimilhança e menos com a diversão. Achei um filme fraco, principalmente porque, quando tenta divertir com seus personagens, beira o clima “camp” dos filmes do Batman dirigidos por Joel Schumacher nos anos 90 (e o pobre Jamie Foxx, aqui, tem um dos momentos mais constrangedores da carreira com seu personagem). Se Marc Webb não tomar cuidado, vai transformar o homem-aranha em uma piada, ainda que, debaixo da máscara, o herói aqui seja mais bem humorado do que foi Maguire no cinema. Mas os dois primeiros filmes de Sam Raimi foram bem melhores que esses novos. Talvez, em 2018, eles reiniciem tudo de novo para consertar...

 

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Melhor do que ir ao cinema é sintonizar na TV a cabo no final de semana. Quem tem TCM, tem a chance de ouvir Dean Martin cantando “My Rifle, MyPonyand Me” no fabuloso “Onde Começa o Inferno”, western essencial do mestre Howard Hawks, ou, no Telecine Cult, rever a visão de Stanley Kubrick para o épico hollywoodiano em “Spartacus”,único filme em que o mítico diretor “se vendeu” ao sistema, mas ainda assim, entregando uma obra de várias camadas, que percorre um caminho diferente de outros épicos históricos da sua época. Ambos os filmes valem a pena.

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Sim, “A Culpa é das Estrelas” chega aos cinemas de Passo Fundo apenas em cópias dubladas. Se você quiser ter a chance de ver filmes com seu áudio original – e o áudio original faz parte tanto da composição do ator como do trabalho de mixagem de som cuidadosamente planejado por meses em um filme – é melhor esperar pelo DVD. Está difícil ver uma obra como ela foi planejada nos cinemas daqui...

 

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