No dia em que se inicia a Copa do Mundo FIFA, uma pesquisa do Centro de Pesquisa PEW, com sede Washington, revelou uma insatisfação geral no país 72% dos brasileiros estão preocupados com os rumos da economia. Pouco antes das manifestações de junho do ano passado, as maiores em duas décadas, um levantamento da mesma instituição mostrou esse patamar em 55 por cento. A pesquisa estima que 6 (seis) a cada 10 (dez) entrevistados disseram que sediar a Copa que começa em 12 de junho, não é o melhor para o Brasil, muitos dos entrevistados defendem que os bilhões de dólares investidos na realização do torneio seriam muito melhores aplicados se fossem destinados para a saúde, educação e mobilidade urbana, ou seja transporte público.
Outro fator que contribui para o desalento com a Copa do Mundo é o crescimento econômico brasileiro, que após quase uma década de crescimento desacelerou fortemente nos últimos três anos. Ainda aproximadamente dois terços dizem que a economia não vai bem e só 32% acreditam que as coisas vão bem. O crescimento do custo de vida se deve pela aceleração do crescimento do preço dos produtos essenciais, fato este que traz de volta a inflação e reduz o poder aquisitivo da classe trabalhadora. Ainda a violência, saúde e corrupção estão na cabeça dos brasileiros como grandes preocupações.
Mas o que de fato alimenta a desesperança e o pessimismo são as obras de mobilidade, aeroportos, e investimentos prometidos que foram prometidos e que gerariam benefícios de longo prazo para a população e que hoje nem prazo para serem entregues existem. A lista de promessas não cumpridas infelizmente é grande. A começar pelo uso do dinheiro público. Havia o juramento que os cofres do governo não seriam sangrados. Todo o investimento viriaM da iniciativa privada.
Enquanto a FIFA exigiu 8 estádios, o Presidente Lula, exigiu 12 estádios que seriam erguidos por empresários. Todos 'padrão Fifa' de qualidade. Investidores deveriam duelar para conseguir fazer parte do projeto.
O ex-ministro dos esportes, Orlando Silva repetia seguidamente a afirmativa, "faço questão absoluta de garantir que a Copa de 2014 será uma Copa em que o poder público nada gastará em atividades desportivas. Os estádios para a Copa do Mundo serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público para os estádios." Sim os estádios foram construídos pelas construtoras brasileiras com financiamentos do BNDES, com dinheiro emitido por títulos da dívida pública, utilizados na capitalização do banco. Em todas as eleições ocorridas no Brasil desde a definição do Brasil como país sede, todos os candidatos aproveitaram o embalo para defender suas obras e falar no “padrão FIFA”, bordão este que rendeu eleições e reeleições de deputados, prefeitos, governadores e Presidentes da República, porém fatura chegou, e talvez o que mais sintetize o final desta etapa foi a frase da Presidente Dilma, “os aeroportos são para os brasileiros” enquanto os estádios são para FIFA. Sem contar no trem bala prometido em 2009 para a copa de 2014 e que agora se estima para 2020.
Enfim, assim como fui favorável que o Brasil disputasse como país sede a copa em 2007, continuo favorável a realização da mesma em 2014. Acredito que o grande legado da Copa do Mundo no Brasil tenha sido oportunizar o povo brasileiro a se ver por inteiro, ver a dimensão continental do nosso território, observar nossos reais problemas como educação, saúde e segurança, e exigir do poder público, estrutura e atendimento no “padrão FIFA”.