OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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· 2 min de leitura
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 Meu rio

Seria interessante realizarmos uma enquete sobre a existência de um dos mais belos patrimônios de nossa terra. Saber, por exemplo, se as pessoas sabem que existe o rio Passo Fundo que corta a cidade. Há poucas décadas cruzava numa ponta do perímetro urbano, lá pelas bandas onde os tempos modernos vieram com a instalação dos Pavilhões da Efrica, a feira industrial e comercial do município. Hoje ali pulsa o coração de nossa urbe. Por isso, por tantos marcos de vidas, desde as remotas civilizações tribais, as trilhas missioneiras e os tropeiros que descansavam à sombra das aroeiras, cedros, guajuviras, angicos e pinheiros, - entendemos necessária a pergunta: você conhece o rio desta cidade majestosa?

Água para a sede
As décadas de tormento e destruição ao nosso tesouro aquático passaram velozes por nossas lembranças magoando memórias puras, aviltando consciências: contaminando. As vertentes que brotavam das pedras deste leito fluvial fartavam meninos suados que percorriam campos da vizinhança, vindos de uma disputa de futebol, lá perto da ponde de ferro. Até a água do rio, translúcida, entre pedras negras e lisas da curva que formava o lajeado do passo era potável. E a turba de infantes corria as margens por entre arbustos pisando frutas negras caídas de guamirim e pitangas de rubro rutilante. Amigos, tudo isso eu vi, eu vivi! Cardumes de cascudos escondiam-se entre as pedras!

E agora?
Então, se perguntarem sobre a existência de um rio, esbelto e ligeiro, que ria para árvores frondosas que despejavam frutas aos lambaris, enquanto Passo Fundo a cidade acendia luzeiros para um tal progresso, no seu primeiro centenário, que posso dizer? Mas, o que fizemos com a torrente cintilante de águas? Não dá pra entender! Um gosto amargo desce por minha garganta, de vergonha e tristeza. Aquele paraíso andante, não existe mais. Esta visão transtornada do progresso parece que apagou do mapa o nosso manancial. Ali jogaram metais pesados, fezes e muita sujeira. Por isso, esta amargura sem limite se mistura a uma saudade que dói na alma. E também por este motivo muitas pessoas que moram aqui, passando várias vezes pela ponte sobre o rio Passo Fundo, defronte a Prefeitura, não vêem, ou nem olham mais para o rio que corta a cidade. Ninguém quer vê-lo assim tão andrajoso! O pior, no entanto, é que o rio está morrendo todos os dias e já não consegue nos ver!

Retoques:

* Este homem é incrível. Parece que fala com os dedos na tomada de alta tensão. E foi assim que tive o prazer de ouvir o retorno do JG na Uirapuru, com sua voz claríssima, enfatizando o valor das palavras.
* Sabe-se que o perigo está em toda parte. A escalada da violência expõe situações como a dos Correios no Rio, que não faz entrega em determinados endereços por causa dos assaltos. Em outros precisa chegar com escolta.
* E tem o crime de difícil previsão que acontece em ambientes de elite. Quem poderia prever que o publicitário Eduardo Martins, em São Paulo, iria matar o zelador do prédio e esquartejá-lo. Esta voluptuosa ação é o retrato revelado de muitos psicopatas que estão por aí, dispostos a cometerem as maiores atrocidades, a qualquer momento e contra qualquer pessoa. Como ninguém eles posam de bons cidadãos.
* Alguns indicadores chamam atenção para exagerado número de acidentes de forma bipolar. Numa ponta estão os acidentes com motos. Noutro pólo os caminhões de carga pesada, com 70 mil acidentes no último ano. No caso dos caminhões são muitos os acidentes com terríveis conseqüências devido ao excesso de peso, além da velocidade.
* Foi muito bom matar a saudade da amiga Ana Paola Coser, que há vários anos saiu de Passo Fundo e foi morar na Austrália. E nos juntamos para um café, com a amiga Rosilda Santarém. A Paola demonstra a mesma simplicidade e alegria, mas sabe muito de cultura e inglês.

 

 

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