Ao rebater a declaração de Aécio Neves de que um tsunami vai “varrer o PT do governo”, o ex-presidente Lula recriou o seu slogan de campanha de 2002 afirmando que a “esperança vai vencer o ódio”. A declaração de ambos foi logo após as vais tomadas pela Presidente Dilma na abertura da Copa do Mundo no estádio Itaquerão, onde a Presidenta não discursou, mas mesmo assim foi fortemente vaiada em dois momentos, juntamente com o Presidente da FIFA Joseph Blatter.
Vários presidentes da república ao longo de suas passagens no governo foram vaiados, Figueiredo, Collor, FHC, Lula e recentemente Dilma foi a grande vítima, não que a população não possa vaiar, nada disso, somente o momento desta vaia e a intensidade dela com palavrões talvez não tenham sido o mais adequado, pois além de expor a instituição Presidente da República, estima-se que mais de 3 bilhões de pessoas no mundo estariam assistindo a abertura da Copa, ressalta-se que nos Estados Unidos e em vários países do mundo a Presidência da República é uma instituição.
Qual seria o verdadeiro motivo das vaias? Inflação? Baixo crescimento econômico? Cansaço do modelo político? Obras não foram concluídas? Promessas não cumpridas? Falta de perspectivas e expectativas futuras? Endividamento das famílias?
A inflação traz um efeito de curto prazo e um efeito de longo prazo: no curto prazo, como há mais dinheiro circulando na economia, as pessoas passam a ter uma falsa sensação de riqueza social e o consumo aumenta. Só que esse consumo dilapida a poupança nacional, que antes seria usada no investimento de longo prazo. No longo prazo, como a poupança não foi usada para investimento, a economia não cresce e não há saltos tecnológicos. Se a poupança acaba, ainda somos obrigados a recorrer à poupança externa, ou seja, cria-se ou aumenta-se a dívida. Portanto, a inflação estatal cria sensação artificial de riqueza no curto prazo e pobreza real no longo prazo, com dilapidação da poupança e aumento da dívida.
O déficit nominal do Brasil em 2012 foi de 108 bilhões de reais, o que equivale a 2,47% do PIB. Apenas à guisa de comparação, no mesmo ano, o Brasil cresceu 1% (já com o recente reajuste inventado da Dilma, pois antes era de 0,9%, o famoso “pibinho”). Ou seja, em 2012 o Brasil se endividou mais do que cresceu.
No mais, durante os governos petistas, a dívida pública brasileira saltou de US$ 245 bilhões para US$ 848 bilhões. Já os famosos governos de responsabilidade fiscal do PSDB aumentaram a dívida pública de US$ 60 bilhões para os já citados US$ 245 bilhões.
Isso ocorre porque a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é criação do PSDB, embora traga alguns limites para despesas específicas (pagamento de pessoal, principalmente), não traz uma expressa vedação legal ao déficit nominal. Fala apenas em “metas” e “limites”, que são conceitos jurídicos e não-jurídicos indeterminados, justamente com o objetivo de acomodar prejuízos financeiros constantes. A responsabilidade fiscal do PSDB é responsável somente até a “página dois” do orçamento. Seria mais honesto que se chamasse “irresponsabilidade fiscal comedida”. Comecei escrevendo sobre o duelo político entre o PSDB e o PT, debate este que se traduz na escolha do ”menos pior”, as vaias que atingiram a Presidenta Dilma são a síntese deste debate. O baixo crescimento econômico, pois seu governo ao longo de seu mandato está intervindo na economia, tais intervenções disseminam a desconfiança e alimentam o medo de investir. A coragem que a Presidenta Dilma teve em intervir no setor energético é a coragem que falta para dizer novamente a população do grande equivoco que foi tal intervenção, pois esta intervenção somada a falta de chuvas compromete o abastecimento de energia elétrica no país.