OPINIÃO

Quando brincar é coisa séria...

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A linguagem oral se desenvolve a partir das interações da criança com o ambiente que pode ser mais ou menos favorável, dando oportunidade para a mesma falar e aprender. Os primeiros interlocutores da criança são os membros de sua família. O adulto tem participação fundamental no processo de aquisição da linguagem infantil.

A redução da prática do brincar e conversar durante os primeiros anos de vida pode acarretar um déficit no desenvolvimento infantil e, por consequência, levar a um quadro de atraso no desenvolvimento da linguagem, requerendo a intervenção de um fonoaudiólogo que irá fazer, provavelmente, o que a família poderia ter feito.

É na brincadeira que a criança tem suas primeiras possibilidades de simbolizar e de expandir sua capacidade representativa. Se a criança aprende a falar interagindo com seus pares (pais, irmãos, avós, tios), é preciso disponibilizar um tempo diário e de qualidade com elas. A criança precisa também, sentir necessidade de falar, e quando a família “adivinha” tudo o que ela quer, a mesma acaba não necessitando desenvolver sua fala para atender suas necessidades. E é na imitação dos seus pares que ela tem o principal estímulo para se comunicar.

Quando a criança brinca, imita as condutas do outro na brincadeira, imitando-o também na comunicação, expande sua capacidade de simbolizar (representar), habilidade indispensável para um bom comunicador, pois falar é atribuir significado aos sons, e primordial no período escolar, pois o escrever nada mais é, do que usar símbolos gráficos para representar a fala. Ou seja, a criança que não brinca plenamente na sua primeira infância, pode ter problemas durante o processo de alfabetização. O brincar exige uma organização onde fatos sucessivos acontecem (a boneca acorda, come, toma banho...), possibilitando que se adquira uma noção temporal para organizar a sua fala mais tarde. Sem falar que através da brincadeira a criança descobre o significado das palavras e expande seu vocabulário.

As diferentes brincadeiras trazem regras e possibilitam noções de que cada um tem a sua vez, que é preciso esperar pela ação do outro, que devemos considerar o outro na brincadeira, exatamente como na linguagem, onde um fala e o outro responde, e que não devemos falar na vez do outro, entendendo aspectos da pragmática da linguagem e os turnos de fala.

Tendo em vista que nossas crianças estão cada vez mais cedo fora de casa, pela necessidade dos pais trabalharem, precisamos estar conscientes que a escola é excelente para estimular o desenvolvimento geral, mas nem sempre atende as necessidades individuais de estimulação de cada criança. É indispensável disponibilizarmos um tempo diário para conversarmos e brincarmos com elas, priorizando brincadeiras que estimulem as habilidades imaginativas e de comunicação, prevenindo assim alterações de linguagem e aprendizagem, pois é através da brincadeira que a criança descobre e entende o mundo. E nós só falamos sobre aquilo que conhecemos e entendemos!

 

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