Paralisado há pelo menos 12 dias, a retomada do plantio de trigo não deve acontecer pelo menos até o início da próxima semana. A terra ainda encharcada em função do grande acumulado de chuva não permite aos agricultores entrar com as máquinas nas áreas que receberiam a cultura. Com isso, a Emater Regional de Passo Fundo já estima que o aumento de 14,9% previsto na área cultivada não se concretizará. Muitos produtores estão desistindo de plantar e, inclusive, vendendo as sementes que usariam. A preocupação é com o reflexo que um atraso na colheita pode ter na cultura seguinte, a soja, que tem maior expressão econômica.
A situação não é exclusividade do trigo, e atinge ainda culturas como a aveia branca e a cevada, que ainda precisavam ser plantadas. O engenheiro agrônomo da Emater Cláudio Dóro esclarece que o plantio tardio no mês de julho já compromete as produtividades das áreas cultivadas. Além disso, com o atraso na colheita os produtores poderão ter problema na hora de plantar a soja no momento mais adequado. “A soja é a principal cultura que deixa lucro. É o carro-chefe. O pessoal faz de tudo para cuidar da soja. O produtor que plantar a partir da semana que vem vai projetar uma colheita tardia e consequentemente deverá ter prejuízo na soja”, alerta.
Desistência
A Secretaria de Agricultura estadual chegou a encaminhar um pedido de prorrogação do prazo para o plantio ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No entanto, Dóro acredita que mesmo que amplie o período os produtores não devem retomar o interesse do plantio, tendo em vista não ter perdas com a soja. “O aumento de área está sendo neutralizado por esse problema climático. Por enquanto não podemos falar em diminuição de área, mas aumento não deveremos ter”, pontua. O ofício encaminhado pela Secretaria da Agricultura ao Mapa nesta semana pede prorrogação até 31 de julho do prazo para plantio de trigo, cevada e canola, inicialmente previsto para 30 de junho, 10 e 20 de julho, conforme zoneamento agrícola/2014 de risco climático.