OPINIÃO

Catástrofe

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Dizem por aí que o que aconteceu com o nosso escrete foi um apagão ou dizem que não tem como explicar o inexplicável. Felipão bateu no peito e assumiu, em primeiro momento, toda a culpa para aquilo que deprime e envergonha, se não a todos, pelo menos a maioria dos brasileiros. Não, absolutamente não misturo a festa popular com a política. Nesta seara todos, todos tentam tirar uma casquinha sobre o tema pão e circo. Uns dizem que a taça era um engana bobo para iludir e dar uma impressão que o país está numa boa. Outros dizem que o país está numa boa e que a taça colocaria o país no pedestal que merece estar a despeito dos secadores.

Aquilo que nós homens adoramos, o futebol, era em outras épocas uma atividade lúdica. Era o drible, o passe, a ginga e também o gol, mas o gol de voleio, de bicicleta, sem pulo. Depois de Nilton Santos, Didi, Garrincha, Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho e Carlos Alberto alcançamos a fama de magos, assim como Evaristo de Macedo e Heleno de Freitas que brilharam em pagos alheios.

Aí, vieram os cartolas porque se descobriu que essa coisa poderia dar grana e dizem que o futebol somente melhorou das laterais para dentro. E acabamos como o que refere Romário em seu blog, com ladrões e bandidos a representar, com interesses excusos à patuléia, suas prioridades pessoais que derivam inadvertidamente para o interesse financeiro. Esses espertos e longevos cartolas mandam e desmandam e despedem técnicos ao rufar de tambores, à sanha das críticas, sem que haja tempo para planejamento de médio e longo prazo.

Nossos meninos, dezesseis e dezessete anos são entregues a interesses de empresários e vendidos como mercadorias que convém a eles e aos dirigentes de futebol, assim como aconteceu com Alexandre Pato e vai acontecer com Lucas do Grêmio. Aí, em contraponto, os empresários trazem a velharia da Europa para iludir a gente.

Há, também, na imprensa jornalistas de resultados, jornalistas torcedores que somente agora descem o pau em tudo e em todos.
Então, a seleção brasileira que há muito deixou de encantar porque é constituída de atletas milionários que moram em outros países e também porque a época dos magos passou há muito, tinha conquistado um lugar no coração de nossas crianças. Não nos adultos porque percebemos, sem ilusões, que temos uma equipe mediana que precisava pensar em jogo mais harmônico do que confiar em uma estrela solitária. Agora era a oportunidade da confirmação. E levamos um banho, um vareio como se dizia, um chocolate humilhante como se diz. O acontecido se assemelha a uma luta de box em que um dos contendores leva um golpe e mais um e mais um e quando se percebe a luta acabara. E nós, principalmente os gremistas, que já viram filme parecido esse ano, ficamos torcendo para que o fim chegasse logo. A gente somente não contava com a educada comiseração da Alemanha, aquela que exibe uma atividade altamente profissionalizada, diferente da amadora e espúria aplicada por aqui.
Há muito o que aprender, não basta somete creditar ao técnico que entrou faceiro demais e nem ao volante que entregou dois a três gols ao adversário.

A mudança desejada deve iniciar na cartolagem. É tempo de Europa.
Quanto ao desejo do time para receber a taça espero que seja aquele que honre o esporte que aprendemos a amar. Que vença o melhor, mesmo que seja a Argentina.

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