O que era para ter dado certo deu errado e o que era para dar errado deu certo. Assim terminou a copa do mundo do Brasil, chamada de a copa das copas. Nos últimos meses, houve uma série de preocupações que permeou a imprensa nacional e internacional. Sobre a organização do evento, previa-se que os estádios não estariam prontos, os movimentos sociais “ameaçariam” o andamento dos jogos e os transportes estariam caóticos.
Até a escassez de água em São Paulo foi motivo de apreensão para alguns veículos, enquanto outros questionavam o efeito das altas temperaturas da Amazônia e as suas consequências para os jogadores europeus. Exemplo disto foi a capa da revista Veja, em maio de 2011, estampava a manchete: “Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo” e, como arte, a logomarca da Copa 2014, mas com o ano 2038.
Acreditava-se que em campo o Brasil seria campeão e fora dele uma decepção, mas o inverso aconteceu, encantamos o mundo com nossa hospitalidade, entusiasmo e cordialidade. Decepcionamos onde julgávamos sermos os melhores, em campo.
O aprendizado de que o famoso “jeitinho brasileiro” é a regra e não a exceção caiu por terra, a seleção alemã nos ensinou que nada substitui o planejamento, a fé inabalável, a perseverança e os objetivos. As derrotas não são um fim em si mesmo, mas um novo começo. Löw assumiu a equipe em 2006, após a saída de Jurgen Klinsmann, responsável por iniciar a "revolução do Fussball", juntando um sistema de jogo ofensivo a um método de preparação científico importado dos Estados Unidos.
Löw, ex-assistente de Klinsmann, deu continuidade ao "conto de fadas de 2006", quando a Alemanha ficou em terceiro no seu Mundial em casa, ficando sempre entre as quatro melhores equipes de todos os torneios que disputou: final perdida na Euro-2008, terceiro na Copa-2010, semifinalista na Euro-2012, tetracampeão em 2014.
Em resumo, a redescoberta do Brasil e os ensinamentos deixados pela seleção da Alemanha é que a seleção e a CBF devem ter humildade para aprender e buscar novos conhecimentos por meio do intercâmbio; não criar e depender de heróis midiáticos, verdadeiros salvadores da pátria, o jogo coletivo deve ser maior que a individualidade; respeitar o adversário, firulas, dribles e provocações são bem mais comuns no Brasil quando uma equipe vence um time por larga diferença de gols. Acredito que o respeito ao adversário é algo que precisa existir na cabeça do brasileiro; organização para se reestruturar, princípios de governança, transparência, organização e planejamento do calendário, dos clubes e da CBF, fariam muito bem para o apreciador do futebol. Os alemães hoje contam até com serviços de tecnologia que ajudam a seleção, como tecnologia SAP para analisar os rivais e ter em mãos estatísticas e dados sobre seus jogadores e os adversários. Os gestores da seleção e de clubes são profissionais, enquanto aqui vemos muito amadorismo.
Por fim, a grande contribuição da Seleção da Alemanha foi a redescoberta do Brasil. Redescoberta esta que passa pela escolha do município de Santa Cruz de Cabrália no estado da Bahia para ser a sede da seleção da Alemanha. Foi neste pedaço do Brasil que a esquadra de caravelas lideradas por Pedro Alvares Cabral atracou. Diante da escolha dos alemães foi possível o Brasil se redescobrir, a dança da vitória da seleção alemã foi ensinada pelos índios, mais uma linda homenagem da seleção campeã.
Ao bancar a reforma de um campo do time amador da vila onde a seleção alemã se hospedou, e entregar um cheque simbólico de 10 mil euros próximo a R$ 30.000,00 em dinheiro que será usado para comprar uma ambulância para aldeia indígena os alemães conquistaram corações e mentes do povo brasileiro. Enfim, passados 514 anos da descoberta do Brasil, ainda temos muito a fazer.
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