O Comandante Altair José Menegatti decolou no dia 13 de julho para um último e definitivo voo. Partiu sem avisar a torre de comando, mas na tarde do dia seguinte ainda deu uma passada no Aeroporto Comandante Kraemer de Erechim dirigindo seu Ford Del Rey. Não deve ter sido por acaso que o domingo nasceu ensolarado, com um céu de brigadeiro. Um ataque do coração foi o motivo do embarque para a eternidade. Ele tinha 75 anos.
II
Por décadas Dr. Menegatti, como era respeitosamente chamado, reservava os domingos para os amigos, leituras e escrita. No início da manhã o chimarrão na recepção do Hotel Parenti com o amigo Helly, falecido no dia 2 de setembro do ano passado. Na companhia do pesquisador Enori Chiaparini e de muitos outros amigos que também batiam o ponto do tradicional hotel localizado na Av. Maurício Cardoso, a conversa era sempre animada e proveitosa.
III
Depois do almoço dominical a sesta e o restante do dia dedicado à leitura de livros e documentos históricos. Nos finais da tarde e início da noite, os telefonemas para os amigos, que eram inúmeros, muitos dos quais em outras regiões do RS e do Brasil. Apesar das novas tecnologias jamais abandonou sua máquina de escrever tão pouco a troca de correspondência, que abarrotava sua caixa postal diariamente.
IV
Bacharel em Direito, Altair Menegatti foi além de advogado, Pretor, Juiz Leigo, professor e diretor do antigo Colégio Industrial de Erechim, vereador, industrialista e produtor. Escritor publicou uma infinidade de artigos na imprensa de Erechim. O único livro sobre a história da aviação em Erechim é de sua autoria. Em parceria com o saudoso jornalista Geder Carraro, editou uma obra inédita sobre o Combate do Desvio Giaretta, com informações preciosas acerca da Revolução de 1923. Incentivou a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Getúlio Vargas, do qual era sócio correspondente.
V
Um grande número de amigos acompanhou as cerimônias de despedidas de Menegatti, que era viúvo e pai de Marcelo, Luciano e Daniela. O velório foi realizado na Capela A do Hospital de Caridade. O sepultamento ocorreu às 14 horas de segunda-feira (14), no Cemitério Municipal de Erechim ao som do violão e voz de Enori, acompanhado por Osnei de Lima. Paulo Casarin, Luis Francisco Schmidt e Cleonice. Uma equipe do Aeroclube cruzou os céus da cidade e realizou um rasante no exato momento em que seu corpo era sepultado. Um reconhecimento ao sábio comandante.