Da série “refilmagem, remake, reboot, re-alguma coisa”: foi liberado o primeiro teaser trailer de “Mad Max: Fury Road”. A princípio, uma continuação da trilogia de sucesso dos anos 80, que colocou Mel Gibson e o diretor George Miller nos rumos do estrelato. O caminho escolhido por Gibson, sabe-se, foi mais bem trilhado. Miller, que instaurou modelos para o cinema de ação oitentista – a câmera na altura do chão, a manipulação do tempo da cena com a câmera rápida repentina, o zoom frenético, o uso de planos aberto graças aos cenários amplos do deserto mesclado com uma montagem ágil – dedicou as últimas duas décadas a contar histórias de porquinhos inteligentes (os dois filmes da série “Babe”) ou de um pinguim dançarino (HappyFeet). Muito pouco para quem parecia ter tanto a contribuir. Pois o mesmo Miller assina esse retorno à série. A princípio, todos os elementos visuais estão lá, dos figurinos à ambientação e às cores quentes que dominam tudo. Aliás, quase tudo:o único problema aparente da escolha de Tom Hardy para interpretar Max é que, ao contrário de Gibson, Hardy aparenta tristeza e pena em suas expressões. Gibson, pelo contrário, criou Max com a única expressão possível após a tragédia que configura a vida do personagem no primeiro filme: indiferença. Resta ver se, além da cortina de efeitos visuais e da ação, sobra alguma coisa de interessante no personagem. Até lá, vou dando um voto de confiança a Tom Hardy e até mesmo a Miller. “Mad Max” foi uma série que construiu minha cinefilia de garoto – aquela regada à Indiana Jones, Rambo, Goonies e personagens bem menos complicados para filmes muito mais divertidos que os de hoje.
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Quando menos esperava, eis que começam a surgir boas séries para acompanhar. Nenhuma do nível, por exemplo, de “True Detective”, que deve ganhar segunda temporada. Mas “The Strain” superou expectativas. A série traz a assinatura de Guillermo Del Toro, baseado nos seus livros da “Trilogia da Escuridão”. Vindo de Del Toro, já imaginava no mínimo, respeito ao material e ao espectador. A série de terror moderniza alguns aspectos de mitos icônicos do gênero e consegue construir personagens que, se não são complexos, pelo menos são plausíveis e humanos – nem todos, claro. Mas o melhor é que Del Toro, quando parece que irá se refugir e simplesmente plagiar alguns temas clássicos dos filmes de vampiro, resolve atualizá-los e subverte-los, transformando o tema numa mescla com outro tema bem atual do terror moderno: os “infectados”. Melhor mesmo, para quem gosta de terror, é assistir à série, que está no terceiro episódio e mantém o pique do ótimo episódio piloto, repleto de mistério. E o velho personagem interpretado por David Bradley, o cansado caçador de criaturas da noite, tem o nome e atualiza um personagem clássico da literatura do gênero de forma honrada. Ótima pedida para os adoradores do fantástico...