Brasil e a Coreia do Sul foram muito semelhantes no passado. Na década de 1960, eram descritas como nações subdesenvolvidas, atoladas em índices socioeconômicos pífios e com taxas de analfabetismo que beiravam os 35% de suas populações. A renda per capita coreana equivalia à do Sudão: algo muito próximo aos 900 dólares. Quando se tratava de renda per capita o Brasil estava na frente, com o dobro da coreana. Os anos passaram e um grande abismo entre as duas nações surgiu. A Coréia possui uma economia que em determinados períodos triplicou o seu tamanho. A Coréia exibe uma economia fervilhante, capaz de triplicar de tamanho a cada década. Sua renda per capita cresceu dezenove vezes desde os anos 60, e a sociedade atingiu um patamar de bem-estar invejável.
Os coreanos praticamente erradicaram o analfabetismo e colocaram 85% dos jovens na universidade. De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país. Posicionando o Brasil como o oitavo país entre 150 países pesquisados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com maior número de pessoas analfabetas no mundo.
Em suma, o Brasil ficou para trás e a Coréia largou em disparada. Por que isso aconteceu? Porque a Coréia apostou no investimento ininterrupto e maciço na educação – e nós não. Enquanto os asiáticos despejavam dinheiro nas escolas públicas de ensino fundamental e médio, sistemática e obstinadamente, o Brasil preferia canalizar seus minguados recursos para a universidade e inventar projetos mirabolantes que viravam fumaça a cada troca de governo. Ou seja, gastava munição atirando para todos os lados sem acertar alvo nenhum. Desnecessário dizer quem estava certo.
Iniciativas que marcaram época e geram fascínio e muitos questionamentos foram às ideias inovadoras de Brizola que foi governador do Rio de Janeiro, entre 1983 e 1987 e, depois, entre 1991 e 1994, Leonel Brizola deu início ao sonho de implantar escolas de turno integral com a construção de pelo menos 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps). Passados quase 20 anos do fim de sua gestão, a proposta fracassou no Estado.
Segundo a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, de cerca de 500 Cieps construídos e postos em funcionamento no Estado, 307 continuam sob a gestão da rede estadual. O restante foi repassado para os municípios ou destinado para outras atividades. Do total de escolas ligadas ao governo estadual, apenas 150 seguem com o horário integral, o que corresponde a menos da metade da rede de Cieps. Em 26 de junho de 2014, Diário Oficial da União publicou a sanção, pela presidente Dilma Rousseff, do novo Plano Nacional de Educação (PNE). O documento estabelece que até 2024 metade das escolas públicas do país deve garantir ensino em tempo integral. Em 10 anos, 25% dos estudantes terão de passar pelo menos sete horas por dia em sala de aula.
Levando em consideração os números de hoje, isso significaria oferecer a modalidade em mais de 75 mil escolas, abrangendo 10 milhões de alunos. O Ministério da Educação conta com a ajuda dos royalties do petróleo para elevar de 6,4% para 10% a proporção do PIB investido no ensino, outra meta do PNE, de forma a dispor de recursos para disseminar o tempo integral.
Enfim, encarar o desafio de criar espaços inovadores, escolas e remunerar o professor adequadamente parecem não ter sido uma prioridade dos governantes em todas as esferas do poder no Brasil. A própria população mede qualidade de educação pela proximidade das escolas de seus lares, e se tem ou não professores suficientes. Eduardo Campos afirmava que “não podemos desistir do Brasil”, penso também que não “podemos desistir da educação”.
Fontes consultadas: MEC – O Globo - Veja