A um mês do início oficial da primavera, o florescimento de plantas, frutíferas ou não, já dão o tom da estação que se aproxima. O aumento das temperaturas e do período de sol fez com que muitas espécies de plantas saíssem do período de dormência e começassem a florescer. O doutor em Agronomia da UPF e pesquisador de plantas frutíferas Alexandre Nienow avalia o florescimento nesta época do ano e destaca que até o momento tudo transcorre dentro da normalidade. A única preocupação seria uma nova onda de frio que poderia causar danos aos pomares comerciais.
Assim como as plantas frutíferas, diversas espécies de plantas estão florescendo na cidade como, por exemplo, os ipês roxos e as azaleias. De acordo com o pesquisador esse é o esperado para a segunda quinzena do mês de agosto. Nesta época, as temperaturas se elevam e estimulam as plantas a saírem do período de dormência pelo qual passaram durante os meses do outono e inverno. Segundo ele, no pomar estudado na UPF há cerca de 30 variedades de pessegueiros que apresentam comportamento dentro da normalidade. Algumas variedades já floresceram, outras estão em florescimento e algumas ainda não iniciaram.
O início da floração das plantas é determinado por uma série de fatores. Nienow explica que na região sul do Brasil, em função das temperaturas baixas no inverno é normal as plantas entrarem em dormência e, algumas espécies, perderem as folhas, parcial ou totalmente, durante o outono. Nesse período as plantas também produzem um hormônio que inibe o crescimento, o ácido abscísico. Cada espécie necessita de período diferente de frio para sair da dormência e florescer, motivo pelo qual as plantas não florescem todas juntas. “As espécies que precisam de mais frio são as que produzem mais inibidores de crescimento durante a dormência e elas precisam de mais tempo de frio para que esses inibidores baixem a concentração e quando isso acontece e chega o calor a florada acontece”, complementa o professor.
Quente, frio
Neste inverno houve vários períodos de temperaturas amenas, também chamados de veranicos, e algumas espécies de pêssego iniciaram a florada em julho. Nestes casos podem ocorrer perdas em função da formação de geadas após o período de floração. Com relação as plantas que estão florescendo agora, o professor destaca que não há problemas no desenvolvimento. O pesquisador ressalta que o problema que poderia causar prejuízos a partir de agora seriam as geadas tardias que que podem queimar as flores, ou frutos, dependendo do caso, e comprometer o desenvolvimento. No caso da qualidade das frutas ele explica que a determinação se inicia a partir do momento de maturação quando ela desenvolve cor e o sabor. “Uma boa luminosidade tende a gerar frutos mais coloridos e saborosos devido a maior fotossíntese e produção de açúcar”, simplifica.
Folhas
Uma curiosidade da estação está relacionado à característica de perda de folhas de algumas espécies. Plátanos, jacarandás e ipês que, geralmente, perdem todas as folhas, mantiveram uma pequena quantidade. “Essas deveriam estar totalmente desprovidas de folhas e esse ano tiveram uma perda parcial, mas isso não traz prejuízo, porque, como teve menos frio, elas produziram menos inibidores e houve queda de folhas menor”, explica.
