O som ainda é o dos martelos, furadeiras e serras, mas após seis primeiros meses de obras já é possível ver o retorno do brilho do Teatro Municipal Múcio de Castro. Patrimônio histórico e cultural de Passo Fundo, o teatro está em fase de restauração e vai estar de cara nova em março de 2015, quando será entregue à população. Voltado para receber pequenos espetáculos de música, teatro e dança, o espaço está passando por profundas mudanças, intervenções que têm como objetivo proporcionar mais conforto ao público e aos artistas.
Executada pela empresa Atílio Tramontini Arquitetura, que venceu a licitação, a obra vai custar R$ 923 mil, recursos próprios do município. O projeto arquitetônico da restauração foi elaborado em 2010 pela Zay Arquitetos Associados. Atualmente 8 pessoas estão envolvidos nas obras, além de profissionais contratados para serviços especializados, como instalação de ar condicionado, carpete, poltronas, ferragens e outros.
Nesta primeira fase de revitalização, já foram realizados o restauro da fachada, das alvenarias internas e externas, esquadrias e do telhado do prédio, além da substituição dos sistemas elétrico, hidráulico, pluvial, de ar condicionado e as obras de acessibilidade. O arquiteto responsável pela reforma, Henrique Buskuhl Neto, explica que uma das prioridades da obra era restaurar a alvenaria do prédio. “Recuperamos a fachada e o corpo do prédio, bastante comprometidas pela umidade e pela falta de conservação. Também substituímos toda a rede elétrica, hidráulica e o telhado, que recebeu também uma manta de isolamento”, relata.
A secretária de planejamento, Ana Paula Wickert, acompanha de perto a execução da obra. Como arquiteta, ela foi uma das responsáveis pela elaboração do projeto de restauração do Teatro, ainda em 2010. Ela comenta foi utilizado uma argamassa de restauro na altura de 1,5 metro. “Recomendamos a substituição de todo o reboco por esta argamassa, que permite que a parede 'respire', eliminando a umidade”, explica.
Rosa salmão
Quem passa em frente ao prédio, já pode conferir a nova cor, que foi definida partir de uma técnica chamada de prospecção pictórica. Ana Paula explica, que esta técnica é realizada com um bisturi, escamando as antigas camadas de tintas até chegar a mais profunda, que indicou a cor rosa salmão como a original para a fachada. “É um trabalho minucioso, artesanal, com o objetivo de trazer de volta as especificações técnicas do ambiente da época em que foi construído”, destaca. Na fachada também já foram instalados dezenas de holofotes que farão a iluminação monumental. O sistema terá acionamento automático noturno.
Novos espaços
Incluídos no projeto, estão novos ambientes importantes para a recepção de espetáculos, como uma Sala Multiuso, localizada no segundo andar, na parte anterior ao acesso ao mezanino. Anteriormente, o espaço servia como depósito de bonecas do Cioff (Centro Internacional das Organizações de Festivais Folclóricos). Segundo a secretária, a sala deve servir para realização de pequenos eventos, como lançamento de espetáculos.
No térreo do prédio, a antiga sala de recepção foi adaptada para construção de um depósito de materiais de limpeza, banheiros feminino, masculino e acessível. Anteriormente, só havia um banheiro em todo o imóvel. Outra modificação importante foi a retirada da escada de acesso aos camarins, que estava localizada nos fundos do palco, e a construção de um avanço na parte traseira do prédio, com uma ampla escada que dá acesso aos dois novos camarins, cada um deles com dois banheiros (masculino e feminino). Para ampliar este espaço, foi retirado o equipamento de exaustão, que estava instalado nas laterais do palco e que também ocupava boa parte do subterrâneo do prédio. E, para substituir o sistema de exaustão, foram instalados seis aparelhos de ar condicionado, cinco com 60 mil Btus e um com 24 mil Btus.
Normas técnicas
Segundo o arquiteto responsável pela obra, o Corpo de Bombeiros está acompanhando a execução das obras com o objetivo de garantir o cumprimento das novas normas de segurança. “As cortinas e o carpete são antichamas”. Com o aumento dos espaços de circulação e adequação para cadeirantes e obesos, a capacidade de público foi reduzida de 180 para 167 lugares. No público, foram criadas duas saídas de emergência e mais uma no subsolo para saída pelos camarins.
Iluminação e som
A cabine de som e luz, anteriormente localizada no último andar do prédio, passará a ser realizado no alto da plateia. Por isso, a última carreira de poltronas do público foi retirada. Conforme Neto, o projeto inclui a instalação de iluminação direta e indireta com 32 pontos de luz, balizamento e linhas de LED no piso. “Este é um kit básico, mas o Teatro terá espera para equipamentos de som e luz adicionais, utilizados em espetáculos maiores”, explica.