Piso da Marechal Floriano em debate

Projeto de recuperação de área degradada está sendo discutido entre prefeitura e Conselho de Cultura

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Construído nos anos 40, em ladrilho português, o piso vem sofrendo com a ação do tempoConstruído nos anos 40, em ladrilho português, o piso vem sofrendo com a ação do tempo
Construído nos anos 40, em ladrilho português, o piso vem sofrendo com a ação do tempo
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Considerado espaço de referência dos passo-fundenses, a segunda etapa de revitalização da praça Marechal Floriano deve incluir a restauração do piso. A possibilidade de recuperar ou não a parte degradada dos mosaicos originais começou a ser debatida na última reunião mensal do Conselho de Cultura, realizada na semana passada. Construído nos anos 40, em ladrilho português, o piso vem sofrendo com a ação do tempo e a falta de manutenção. Em vários pontos, as pedras se soltaram, quebrando a harmonia dos desenhos, formando buracos, acumulando água e prejudicando a circulação de pedestres. 

Por duas vezes a prefeitura abriu licitação para realizar recuperação, mas nenhuma empresa se candidatou. Responsável pelo projeto, a secretária de planejamento, Ana Paula Wickert diz que a dificuldade maior está na falta de mão de obra especializada e que a prefeitura está tentando contato com empresas de outros municípios. “Trabalhamos com algumas hipóteses. Uma delas é recuperar o piso original, mas precisamos encontrar quem o faça. A outra seria preservar alguns desenhos e substituir as partes degradas, mas não temos nada definido ainda” explica. A segunda etapa da revitalização da Marechal Floriano inclui outros itens além do piso, e está prevista para o início de 2015.

Presidente do Conselho de Cultura, o ator Edimar Rezende disse que a pauta sobre o assunto foi apresentada no final da reunião e será retomada no próximo encontro de outubro. Na terça-feira, integrantes do Conselho, acompanhados da secretária Ana Paula visitaram o local. No encontro foi comentada a possibilidade de formar mão de obra para realização do trabalho. “Estamos iniciando o debate, mas a intenção é buscar todas as alternativas possíveis para a preservação do projeto original. Vamos aguardar mais informações sobre a proposta para termos uma definição” afirma Rezende. Vale lembrar que o Conselho tem caráter apenas consultivo.

Para a professora do curso de pós-graduação em história na UPF, Gizele Zanotto, 36 anos, que também integra o Conselho de Cultura, todos os esforços devem ser feitos para a preservação do piso original. “Penso que tudo que possa ser feito para restaurar o piso deva ser pensado em sua viabilidade, pois se consideramos espaços de sociabilidade e espaços de memória como referências identitárias em Passo Fundo, devemos tentar manter o que ainda resta de sua constituição histórica, social e cultural e destacar toda essa implicação no cotidiano coletivo e individual como parte de nossa constituição passo-fundense. A praça é patrimônio coletivo, assim como seu piso o é - com seus detalhes e ordenação espacial singular” afirma.

Tombamento sem sucesso
Em 2010, o vereador Paulo Neckel (PMDB) chegou a encaminhar ao Executivo uma indicação de tombamento do piso da Marechal Floriano com patrimônio histórico, mas o projeto não foi adiante. Na oportunidade, Neckel já chamava a atenção para o que definiu como ‘manutenção improvisada’ responsável pela desfiguração do piso original. Admirador do trabalho realizado no piso da praça, o professor do curso de arquitetura da UPF, o professor Luiz Roberto Medeiros Gosch, 56 anos, já tentou algumas vezes, sem sucesso, buscar informações sobre a autoria e detalhes do projeto. “Sei que foi uma iniciativa do professor Antonino Xavier e Oliveira, mas não tem mais detalhes. O piso já faz parte da história, da memória da cidade. É uma marca de Passo Fundo. São mosaicos, desenhos, símbolos feitos por algum projetista e executados artesanalmente. Um trabalho que merece ser preservado” declarou.

 

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