A demanda por serviços de logística no Brasil cresce aceleradamente: cerca de três vezes o crescimento do PIB. Algumas deficiências de logística no país são as mesmas de 1970. Em algumas regiões a infraestrutura continua a mesma da época. Nas décadas de sessenta e setenta a questão foi a administração das funções de transporte e estoque. Em 1980 veio o desafio da integração interna.
Os investimentos em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias foram paralisados entre 1980 e 1990. O setor parou por 30 anos. O cenário atual da logística, no Brasil e no mundo, evidencia a proliferação de produtos globalizados que precisam ser entregues a todos os momentos e em todos os lugares, por reduções nos ciclos de vida, pela exigência de qualidade e agilidade nos serviços, pela segmentação de clientes, canis e mercados.
A ordem é buscar eficiência operacional. Há problemas graves de infraestrutura, entraves na matriz de transporte (excessivamente concentrada no modal rodoviário), deficiência no pavimento, na sinalização ou geometria das vias, falta qualidade da segurança do fluxo de cargas e pessoas, além de os custos serem elevados.
O Brasil tem grandes desafios e precisa de projetos eficientes para vencer o gargalo da infraestrutura. Embora os investimentos públicos tenham se intensificado, serão insuficientes para evitar o estrangulamento nos próximos anos. Logo, é imprescindível a ampliação do capital privado no setor. Todos esses fatores criam uma vasta complexidade operacional. Cabe ressaltar que, no Brasil, um terço do PIB é originário de comodities agrícolas.
O fato de a nossa economia estar baseada no agronegócio, fará com que a logística dos granéis seja por um tempo um grande desafio. Muitas estradas e caminhões que transportam grãos, são exatamente os mesmos de 20 anos atrás. Um exemplo do atraso na logística de grãos, é o uso da ferrovia no Brasil: oscila entre 10 e 40% para distâncias de até 500 km. O problema efetivamente está nas distâncias de 800 a 1500 km.
No Brasil o transporte de cargas que deveriam ser realizadas por ferrovias, como os grãos, são transportados por caminhão. O desafio do país é reduzir a dependência da malha rodoviária. No Rio Grande do Sul, o projeto é sair de 85,30% de dependência das rodovias para 58% e elevar o índice da logística ferroviária para 23% (hoje é de 8,8%).
Uma oportunidade para a logística nacional é a multimodalidade nos transportes: integrar portos secos interiores, transporte rodoferroviário e a cabotagem. A cabotagem (navegação entre portos marítimos) permite cobrir diversos centros de consumo brasileiros, próximos do litoral, criando possibilidades de exportar produtos originários do sul e sudeste, com custos competitivos internacionalmente. Outra tendência internacional é a dos aeroportos industriais que permite instalar plantas industriais de alta tecnologia exportadora e c consumidora de insumos importados, dentro de aeroportos.
Atualmente o Plano Nacional de Logística e Transportes - PNLT representa a retomada do processo de planejamento no setor transporte, dotando-o de estrutura permanente de gestão, com base em sistema de informações georeferenciadas. O plano aborda os principais dados de interesse do setor, tanto na parte da oferta, quanto da demanda. Os principais objetivos do PNLT são identificação, otimização e racionalização dos custos envolvidos em toda a cadeia logística adotada entre a origem e o destino dos fluxos de transportes, a adequação da atual matriz de transportes de cargas no País, buscando a permanente utilização das modalidades de maior eficiência produtiva.
O PNLT foi desenvolvido pelo Ministério dos Transportes em parceria com o Ministério da Defesa, para dar suporte ao planejamento de intervenções públicas e privadas na infraestrutura e na organização dos transportes. O assunto é amplo e dinâmico. Então, para o efetivo desenvolvimento do setor, é fundamental que a população conheça e discuta o assunto. Afinal, o setor logístico está presente no cotidiano de todos.
Autores: Giovana Wahl; Marvin Antônio Fruhauf; Natália Lago Busato; Leonardo Gelinski; Roberto Tecchio