Representantes indígenas envolvidos no conflito com agricultores na quarta-feira, em frente ao prédio da Funai, retornaram a Passo Fundo ontem para uma reunião com o Ministério Público Federal. Logo após o encontro, o líder caingangue, Jacir de Paula, 50 anos, disse ter cobrado punição aos responsáveis pela remoção das famílias acampadas, desde o último domingo, às margens da ERS 480, em Erval Grande. Segundo ele, o grupo vai permanecer temporariamente no acampamento de São Miguel Faxinal, em Água Santa, mas não descarta a possibilidade de um retorno para Erval. “Vamos aguardar por alguns dias, não sabemos quantos. Se o estado não conseguir outra área para a agente acampar, voltaremos para Erval. Desta vez não serão 40 índios, serão dois mil. O que aconteceu lá vai ficar marcado, não queremos que aconteça com outras comunidades” afirmou.
O grupo reivindica uma área de 20 mil hectares em Erval Grande. Eles alegam que o território teria pertencido aos seus antepassados. O processo já foi aberto pela Funai. Segundo Jacir, pelo menos 14 caciques da região passaram a quinta-feira reunidos para tratar do assunto. No MPF, os caingangues foram recebidos pela procuradora Bruna Pfaffenzeller. Ela anunciou, através da assessoria de comunicação, que somente falaria sobre o conteúdo da reunião após conversar com o MPF de Erechim, responsável pela área de Erval.
Moradores avaliam ação
No início da noite de ontem, representantes de entidades que participaram do bloqueio da rodovia e da retirada dos índios do acampamento, também realizariam uma reunião para avaliar as ações de quarta-feira. Segundo o vereador Adilson Morona, 41 anos, a área ocupada pelos caingangues à beira da rodovia foi toda cercada com arames para evitar nova ocupação. O local tem cerca de 500 metros de extensão e fica distante dois quilômetros do centro d Erval. Ontem, o comércio voltou a funcionar normalmente, no entanto, a comunidade segue apreensiva. “Caso ocorra futuramente uma decisão judicial, as terras serão entregues, mas sem isto, ninguém sai. Pelo que senti da população, se voltarem aqui, o risco de uma tragédia é muito grande. As autoridades precisam tomar providências” disse o representante do legislativo.